Com todas aquelas suspeitas, a cabeça do Alfa estava cheia e seu lobo, furioso. Ele queria matar todos os seus Betas, por pensarem que eram superiores, só por ele estar mais calmo nos últimos tempos.
Ele não estava entendendo o porquê de estarem calmos, mas agora que sabia da proximidade de sua companheira, começou a entender. Infelizmente, estava passando muito tempo com o conselho dos Alfas, por conta dos ataques dos desgarrados, que só aumentavam. Corria solto pela floresta, mais uma vez, tentando pensar com clareza no que fazer e se acalmar, antes de buscar sua fêmea que, com certeza, não gostaria de ficar trancada, como ele pretendia mantê-la, até a lua cheia. Parou na arena de treinos e os guardas que estavam treinando, pausaram seu treino ao ver o imenso lobo entrar. Ele uivou, dando uma ordem para todos e pulou dentro do local de lutas, que era cercado como um octógono. Aos poucos, os guardas se transformaram e iniciaram a lutar com o Alfa, três por vez. Júlio, dentro de seu lobo, incentivava Rufus a lutar com selvageria, mas sem ferir para matar e à medida que os lobos saíam, derrotados, o que estava acontecendo se espalhou por toda a Alcateia e uma grande plateia se formou para assistir. Quando os últimos três derrotado, saíram, Julio assumiu, vestiu uma calça que lhe entregaram e anunciou: — Na próxima lua cheia teremos uma comemoração diferente. Faremos um torneio durante o dia todo. Todos os líderes e melhores lutadores disputarão entre si por um cargo de beta. Isso vale para todos, incluindo os betas já empossados, aqueles que perderem, serão substituídos de seus cargos, pois não podemos ter líderes que percam uma luta direta. — Isso é para todos, até quem não é beta, Alfa? — Os que não são betas de origem, mas são fortes, farão uma disputa separada, para ocupar cargos diferenciados. Os betas que vencerem, lutarão comigo. O Beta Clóvis, o direto do Alfa, se aproximou correndo, pois a notícia chegou a todos pela mente coletiva e chegou questionando: — Você está louco, Júlio? — falou com muita ousadia, desrespeitando seu líder. Júlio ficou furioso com a falta de respeito de seu direto, o que corroborou com a informação de Corina. Wolf queria sair e Júlio resolveu aproveitar a situação. — Suba aqui, Clóvis, vamos dar uma amostra de como será. Depois disso, você nunca mais ousará me interpelar com essa falta de respeito. O Beta empalideceu e tentou pensar em uma maneira de fugir do confronto, mas o povo a sua volta, o empurrou para a arena. Não teve como fugir e entrou. O Beta Clóvis era forte, mas bem mais velho que Júlio, pois era segundo do antigo Alfa e continuou no cargo com a morte do pai de Júlio. Júlio confiou nele por ter convivido tantos anos, vendo ele apoiar seu pai. Nunca passou pela sua cabeça que seria justamente ele, a planejar uma traição tão torpe. Por quê alguns machos de sua espécie, estavam agindo tão contrariamente ao seu comportamento natural? Clóvis sempre foi muito forte, mas estava acomodado no cargo e não treinava com frequência para manter a musculatura forte. Não podia fugir da ordem do Alfa, ou seria morto de forma humilhante pelos guardas. Esperava que Júlio tivesse misericórdia e não usasse muita força contra ele. Confiava em sua agem, formada por anos de lealdade e serviço. — Entre, Clóvis. Pode se transformar, para dar uma chance a si mesmo, vou lutar na forma humana. Uma murmuração iniciou entre a plateia, sem saber se seria justo. Já fazia um tempo que não viam Júlio soltando sua fúria e Clóvis era muito forte. Clóvis sorriu, pois não acreditava que Júlio na forma humana, venceria-o na forma lupina. O Beta, pomposo, pulou, transformando-se no ar e caindo quase sobre o Alfa. Júlio não era bobo e sabia que Clóvis seria traiçoeiro e desviou-se do imenso lobo, ao mesmo tempo que se virou e segurou-lhe uma das patas traseira, torcendo-a e quebrando-a, tirando a estabilidade do lobo que caiu, sem conseguir manter o equilíbrio só com as três patas restantes. O povo gritou espantado e arregalou os olhos, esperando o que viria a seguir. — Levante-se, covarde! Você pensa que não sei o que você anda tramando pelas minhas costas? Já tem um tempo que estou insatisfeito com você, agora defenda sua posição. — chamou Júlio, em tom alto o suficiente para todos escutarem. O lobo rosnou, mostrando suas presas, que pingavam sua baba venenosa. Levantou-se, sentindo que sua perna se curava, mas não esperou, mesmo com dor, saltou, tomando o cuidado de desviar para o lado que supôs que Júlio desviaria. Júlio já tinha organizado sua luta, prevendo o que o lobo faria e desviou para o lado contrário, virando-se rapidamente e pegando a outra pata no ar, torceu e quebrou. O uivo de dor do lobo, foi alto e ele caiu no chão, com um estrondo. Desta vez Júlio não esperou, correu e com as mãos, torceu e quebrou a cabeça do lobo, também, só então deixou suas garras saírem e usou-as para separar a cabeça do corpo. Todos ficaram chocados, não imaginavam que o Beta mais antigo da Alcateia, seria eliminado de forma tão definitiva. Até que uma fêmea ousou falar: — Já foi tarde, desgraçado! Então, outras vozes se levantaram para concordar: — É, já foi tarde, escravocrata de uma figa. — Valeu, Alfa! Por nos livrar dessa corja, agora só falta o resto da família, aquelas fêmeas encebadas e exploradoras. Júlio chamou os guardas e ordenou: — Matem a família. — Todos, senhor? O filho dele é um Beta bem treinado. — Todos! — Júlio não acreditava que a descendência de Clóvis escapou de sua influência. Poderiam dar trabalho mais tarde. — Sim, senhor! — disse Ruan, um dos segurança da casa do Alfa, que apesar de novo, era um beta e almejava crescer na Alcateia. Júlio olhou para o seu povo e anunciou: — Esse foi só um exemplo da limpeza que vou fazer. Amanhã, quero que todos que sabem de alguma falha de comportamento do Clóvis, vá a minha casa me contar e não tenham medo, cuidarei da segurança de todos. O povo aplaudiu, enviando ao Alfa uma energia positiva, que o renovou. Um Alfa não é nada sem o apoio de sua Alcateia. Retirou-se e o povo se dispersou, comentando sobre a morte do beta e o torneio que haveria. As possibilidades de tudo mudar era grande e era o que os mais humildes queriam. Júlio foi para casa e tomou um banho, limpando o sangue de Clóvis de sobre si. Recebeu, pela ligação mental, a comunicação de que a família do ex-beta já tinha sido eliminada e que o filho se rebelou e quis fugir, mas foi agarrado e morto.