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Capítulo 8. Cuidados

O Alfa Júlio mandou que fizessem uma fogueira e queimassem os corpos de maneira correta e não impedissem o povo de participar. Assim, foram executar as ordens do Alfa e ele terminou seu banho e se vestiu para buscar sua fêmea.

Saiu do quarto e encontrou Corina, segurando um balde com materiais de limpeza.

— O quarto está pronto, Corina?

— Sim. Você matou o Beta Clóvis? — perguntou ela, incrédula.

— E toda sua família. Ele me afrontou diante de toda a Alcateia. Estava se comportando como se fosse o Alfa.

— Estavam muito certos da vitória. Com a morte do Clóvis, os outros vão se acovardar.

Júlio prestou bastante atenção as palavras de Corina e estava revoltado com a prepotência e arrogância dos que planejam contra ele.

— Com a programação que preparei, nenhum deles vai escapar. Vou buscar Lara.

— Cuidado com ela, Alfa. Tem três costelas quebradas e feridas feias nos braços.

Júlio abaixou a cabeça, consternado com o que fez com sua companheira. Eram muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo e sua mente precisava de um descanso, mas antes, cuidaria de sua companheira.

— Não me conformo por ter sido um imbecil e machucado minha fêmea. — confessou ele para Corina.

— Espero que isso signifique que não vai rejeitá-la.

— Vamos ver, Corina, vamos ver.

No herbário, Schein ficou sabendo da morte do Beta Clóvis e tratou de destruir os frascos da mistura especial que fez a pedido do ex-beta. Sabia bem quais eram as intenções do traidor e não queria seguir seu destino.

Ele saiu da casa principal e foi para o anexo dos funcionários, entrou e chegou ao quarto de Lara, que dormia. Pegou-a no colo com cuidado e saiu. Ela acordou no meio do caminho e gemeu, fazendo careta.

— Já estamos chegando, aguenta, por favor.

— Você… — gemeu ela, sentindo dor e medo.

— Sim, eu. Não faça barulho, não queremos alertar os outros, não é mesmo?

— O s  be  tas?

— Sim, você ficará comigo até a lua cheia e participará da comemoração.

Júlio percebeu que as lágrimas desceram, silenciosamente, por seu rosto, que ela escondeu no peito de quem a carregava.

Ele chegou ao quarto preparado para ela e a deitou na cama com cuidado. Inclinou-se e cheirou seu pescoço, sentindo o cheiro da loba, muito fraco, apesar do spray de ocultação.

— Seu cheiro está fraco, mas está presente. Sua loba está para sair.

Ela olhou para o Alfa, estranhando toda aquela gentileza. Não se parecia em nada com seu agressor.

— Por quê você está agindo assim?

— Assim, como? Protegendo-a?

— Me proteger por quê, depois de me deixar quebrada e ferida? — perguntou ela, gemendo e fazendo careta.

— Isso é algo de que me arrependo muito, desculpe, esqueci completamente que você não se transformou ainda.

— Então, não teria feito se lembrasse?

Ele abaixou a cabeça, envergonhado.

— Não posso reverter o que fiz, mas prometo que não farei mais.

— Nada desculpa sua violência. Vai tratar sua companheira assim, quando a encontrar?

Ele a puxou, tomando cuidado com suas costelas e comprimiu seus lábios, pressionando-os. Quando ela se debateu e gemeu de dor, ele suavizou o toque e beijou-a com doçura, experimentando seus lábios e buscando sua língua, insistindo em seus movimentos, até que ela correspondeu e então se afastou.

— Está bom assim?

— Por quê você fez isso? É outra forma de tortura? — perguntou ela, irritada por ter cedido ao beijo.

Ela não compreendia sua aceitação e o raio que percorreu seu corpo, quando suas línguas se tocaram.  Nunca tinha sido beijada e o prazer que sentiu, foi totalmente inesperado e ficou vermelha, envergonhada.

Ele notou e sorriu só com a boca, de lado. Percebeu a surpresa dela pelo que sentiu com o beijo, mas ele sabia que a atração era causada pelo laço de companheiros e não por amor.

— Descanse, você precisa se resguardar. Não tema nenhuma cobrança ou alguém vindo importuná-la, já avisei que você está indisponível por duas semanas.

“ Duas semanas…não podia ser para o resto da vida? “ Pensou ela, mas não foi o que perguntou.

— O que deu em você?

— Descobri uma tramoia dos meus Betas para tomar o meu lugar, usando você. Pensei que estavam cuidando bem de você, mas estavam manipulando sua situação, para me acusar de negligência.

— Você demorou muito a descobrir, o que há com sua cabeça?

— Sim, tenho sentido minha companheira bem próxima e meu lobo está ansioso para encontrá-la, porém, menos selvagem.

— Sua desculpa é sua companheira. Então por quê me humilhou e feriu daquele jeito? Qual o seu prazer em ferir alguém inferior a você?

Júlio lembrou da loba vermelha e resolveu não aprofundar aquele assunto, em uma tentativa de acalmá-la. Ela não cedeu em nenhum instante, colocando uma parede entre eles.

— Já pedi perdão, que tal você esquecer isso, agora. Descanse, tenho outras coisas para fazer ao invés de ser sua babá.

— Grosso! Você tomou a iniciativa e não faz mais que sua obrigação. — disse ela ao olhar suas costas ao sair.

*

O Alfa que queria descansar, não conseguiu e foi para seu escritório, pesquisar as contas e os serviços dos betas. À medida que examinava as contas, surpreendia-se com a quantidade de materiais inexplicáveis e sem necessidade que foram adquiridos.

Levantou-se e foi ao depósito de produtos de primeira necessidade, que eram distribuídos à população. Percebeu com sua audição lupina, uma discrição na entrada do galpão. 

— O Beta Clóvis morreu, por quê vocês continuam cobrando esses valores absurdos? — Era a voz de uma das fêmeas mais antigas da Alcateia.

— Parem de reclamar e paguem logo ou parem de atrapalhar. — Júlio não reconheceu a voz do macho.

Conforme se aproximava, notou uma fila de espera para atendimento e todos reclamavam. A entrada estava bloqueada por um balcão e os produtos que eram para serem entregues de graça, estavam sendo vendidos.

Quase chorou.

O atendente ficou branco ao ouvir o rosnado do Alfa, antes de ver a figura imponente, colocar as mãos sobre o balcão.

— Quem é você? — perguntou Júlio.

— Ele é o filho adotivo do Clóvis, Alfa. — respondeu a fêmea que discutia com o macho, antes.

— Então, todos se foram, mas ficou o rabo… — Júlio não perguntou mais nada, uivou chamando seus guardas, que logo chegaram ao local.

— Ei, Alfa! O que está fazendo? Cuido desse armazem a muito tempo e todos sabem como é, não estou fazendo nada errado. — disse o rapaz.

— Qual o seu nome? — perguntou;  Alfa.

— Décio, Alfa.

— Quem ensinou você esse serviço?

— Foi o Beta Clóvis, quando seu filho foi para a faculdade.

— Então você assumiu o que já faziam, entendo. Só que esse não é o correto a se fazer, não vendemos os produtos, distribuímos gratuitamente, pois cada um faz sua parte para manter o estoque.

— De graça? — Décio soltou uma gargalhada — O faturamento aqui é muito grande, é uma idiotice não explorar essa mina.

Os guardas chegaram e Décio se calou.

Júlio acenou com a cabeça e o macho que não sorria mais, foi preso.

— O que faremos com ele, Alfa?

— O mesmo que foi feito com o resto da família e verifiquem se tem mais alguém ligado ao Clóvis e deem o mesmo destino.

Depois que levaram os jovens, julho retirou o balcão da frente do depósito, com a ajuda do pessoal que estava esperando e designou dois deles para orientar o povo na distribuição. Voltou para casa, cabisbaixo, refletindo em seu excesso de confiança nas pessoas erradas e desleixo com o trabalho que deveria ter feito para sua Alcateia.

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