Maurício pediu a Henrique que arrumasse um barbeiro para ir até o hospital. Depois de semanas internado, finalmente pôde cortar o cabelo e fazer a barba. Ao se olhar no espelho, quase não se reconheceu. Aquele homem, de semblante limpo e olhar firme, parecia alguém que estava voltando a se levantar. O coração bateu mais forte: não era apenas vaidade, era como recuperar parte da dignidade que achava ter perdido.
Naquela tarde, o capitão entrou em contato por chamada de vídeo. Maurício ajeitou a postura na cama, ainda um pouco inseguro, mas respirou fundo.
— Boa tarde, Nogueira. Tá com a cara boa. — disse o capitão, sorrindo.
— Boa tarde, senhor. Resolvi dar um trato… achei que já estava na hora.
— Fez bem. É bom ver você assim.
Houve um breve silêncio. Maurício esperava apenas palavras de encorajamento, talvez de despedida. Mas o capitão se inclinou para a câmera, a expressão séria:
— Antes de qualquer coisa, preciso te agradecer. Se não fosse por você naquele dia, eu