POV: AIRYS
Levou um tempo até a tontura passar por completo. Voltei à rotina. Eu precisava voltar. Me agarrar àquilo que ainda me fazia sentir inteira. A medicina. As cirurgias. Salvar vidas era, de algum modo, o que me impedia de despencar completamente no abismo do que vivia aqui dentro.
O hospital estava agitado. A nova leva de refugiados trouxera casos críticos. Fui direto para a sala esterilizada, sem tempo para respirar. Coloquei a máscara, vesti os aventais, me posicionei.
Era estranho..., mas eu gostava daquilo. Ali, naquele ambiente controlado, tudo era mais simples. Técnicas, precisão, ritmo. Eu não precisava pensar nele. Não precisava sentir o vazio que ele deixava. Nem o calor que ainda queimava de cada toque seu. Mesmo ausente, Daimon continuava me invadindo nos momentos mais íntimos. Sonhos. Devaneios. Em cada respiração solitária,