A rotina na mansão Albuquerque não começou como um simples trabalho. Começou como um aviso.
Um aviso silencioso, calculado, encaixado na forma de regras que não pareciam apenas regras profissionais. Eram coordenadas. Delimitações. Fronteiras que eu deveria obedecer sem hesitar, mesmo antes de compreender completamente.
Quando acordei naquela manhã, a luz filtrada pelas cortinas parecia mais opaca, como se tivesse sido sugada pela casa antes de entrar no meu quarto. Passei a mão pelo rosto, tentando afastar a sensação estranha de que a noite não havia sido de descanso, mas de adaptação. Meu corpo parecia alerta demais, como se tivesse dormido ouvindo cada pequeno som da mansão.
Encontrei uma pasta sobre a mesa do meu quarto. Não tinha visto ninguém entrar. Não tinha ouvido a porta abrir. Era como se aquele objeto tivesse surgido ali por vontade própria.
Meu nome estava escrito na capa.
Ao abri-la, encontrei as regras.
Muitas regras.
E não eram apresentadas de forma suave ou acolhedora.