Soco esse filho da puta com todo ódio, não vejo mais nada na minha frente e sou capaz de matá-lo aqui mesmo, mas meus seguranças me seguram e me tiram de cima dele que já está desacordado, nesse momento o som de um soluço me faz sair do transe em que estou e olhar na direção de Laura. 

Ela está em pânico, encolhida no chão chorando desesperadamente. 

Aproximo-me e assim que toco em seu braço ela começa a se debater e gritar apavorada.

— Calma, sou eu, calma. Olha pra mim, Laura, sou eu, Jhonatan. 

Ouvindo minha voz ela abre os olhos e me encara enquanto ainda chora, para minha surpresa e alívio ela me abraça com força e esconde seu rosto em meu peito, sem dizer nada, tiro meu casaco do terno e a cubro ao mesmo tempo que a abraço de volta. 

Nesse momento sinto um aperto em meu peito por vê-la nessa situação, algo dentro de mim é ativado e eu sinto a necessidade de proteger Laura de tudo. 

 Os meus seguranças sempre estão por perto atentos a qualquer situação e já sabem como agir, vejo um deles ligar para Henrique. Meu primo é delegado e vai cuidar de tudo.

 Pego Laura em meus braços, a levo até o sofá e me sento com ela encolhida em meu colo ainda chorando. 

Eu voltei à casa de Laura por conta de um contrato que o advogado de um cliente vai buscar pela manhã na empresa e como eu não vou estar lá, ia deixar com Laura para entregar a ele, porém, tinha me esquecido de entregar-lhe e por isso voltei. 

Quando cheguei, vi o portão aberto e pude ouvir os gritos de Laura antes mesmo de entrar.

Fico ali abraçado a ela até meu primo chegar com uma viatura da polícia e uma ambulância, ela não parou de chorar nem um minuto e isso me parte o coração porque nesse momento que percebo ser todo dela, eu deixo que ela coloque pra fora toda essa angústia que está sentindo sem soltá-la do meu abraço.

 Os socorristas chegam para examiná-la, e só nesse momento consigo olhar pra ela com mais atenção. Ela está com o rosto muito machucado, um corte na testa, no lábio, as mãos machucadas e com a marca dos dedos daquele desgraçado em seu pescoço, isso faz meu sangue ferver de ódio, esse infeliz vai pagar por ter feito isso com ela. 

Vamos para o hospital para que ela seja examinada e como ela está muito abalada os médicos lhe dão um calmante e com isso ela adormece. 

Eu ligo para Victor para pedir o contato de Rafaela e avisar o que aconteceu e para minha surpresa ela está com ele, conto o que aconteceu e ele diz que já estão vindo pra cá. 

Fico ao lado de Laura até que eles chegam.

— Como ela tá? — Rafaela pergunta assim que entra no quarto.

— Abalada, e aparentemente os machucados são só superficiais, o médico já fez os exames e daqui a pouco deve vir confirmar. Ele a sedou para que ela consiga descansar um pouco.

— Como isso aconteceu, e como você foi parar lá? — meu irmão me pergunta com ar preocupado.

Nesse momento a mãe de Rafaela chega e eu explico a eles o que aconteceu. Eles ficam todos revoltados e pude ver que elas têm Laura como parte da família, o que me deixa feliz por ela, pois sei que minha assistente não tem parentes próximos.

— Jhonatan, agora que a dona Joana e a Rafaela estão com ela vamos cuidar dessa sua mão — Victor fala e só nesse momento percebo que minha mão está machucada.

Aceno com a cabeça e vou até Rafaela e a mãe.

— Dona Joana, não é? Vou até a delegacia resolver algumas coisas, mas peço que assim que ela acordar vocês me liguem, por favor. — Eu estendo meu cartão em sua direção e ela pega guardando-o em sua bolsa.

— Tudo bem, meu filho, vamos ficar aqui com ela, vai tranquilo e nos mantenha informadas. 

Faço um aceno com a cabeça e saio em busca de atendimento, não sabia se poderia me contaminar com o sangue daquele desgraçado em meus machucados. 

Enquanto estou no hospital, meu pessoal está acompanhando Henrique e me mantendo informado sobre a situação. 

Henrique é poucos anos mais velho que eu, fomos criados como irmãos, sua mãe foi assassinada quando ele ainda era criança e então a minha mãe assumiu a criação do sobrinho sempre o tratando com o mesmo amor que dedicava a mim e a meu irmão.  Hoje meu primo é delegado e sócio da nossa empresa que foi criada por nosso pai após o assassinato da minha tia. Por isso, tenho certeza de que esse miserável não vai escapar da justiça. 

O desgraçado está recebendo atendimento médico, mas já recebeu voz de prisão e vai direto para o xadrez assim que receber alta.

— Jhonatan, como está a moça? — meu primo questiona assim que entro na delegacia. 

— Ainda muito abalada, os médicos deram um calmante e ela está dormindo no momento. Henrique, eu quero ver esse canalha pagar caro pelo que fez.

— Com certeza, aquele ali, se acordar depois da surra que você deu nele vai ficar um bom tempo atrás das grades e vou fazer questão de que lá todos saibam o motivo dele ter sido preso. 

— Acho que isso ainda é pouco, eu queria ter matado aquele infeliz. — Cerro meus punhos com ódio só de pensar naquilo de novo. 

Eu não suporto violência contra mulher e ver isso acontecendo com Laura acendeu em mim um instinto protetor que eu ainda não conhecia.

Dou meu depoimento, resolvo com Henrique tudo que preciso e vou para minha casa, preciso tomar um banho e tirar essas roupas sujas de sangue. 

Chego à minha cobertura já quase amanhecendo, tiro minhas roupas e as jogo no lixo, em seguida tomo um banho rápido para descansar um pouco, queria voltar para o hospital e ver como Laura está, mas tenho que ir a essa reunião.

Fico deitado sem conseguir pegar no sono, as cenas de algumas horas atrás vêm em flashes na minha mente, tento ao menos relaxar o corpo até ouvir o som do lembrete da minha agenda junto ao alarme do meu celular, um sorriso fraco escapa dos meus lábios sabendo que tinha sido Laura a programá-los. 

Aquela menina não merece passar por isso.