O som baixo da música no ônibus misturava-se com o leve ronco do motor, criando uma trilha sonora monótona para os pensamentos caóticos que ocupavam minha mente. Estávamos na estrada há algumas horas, e o clima entre os integrantes da banda oscilava entre conversas esparsas e silêncios pesados. Eu me encontrava em meu lugar habitual: ao fundo do ônibus, com os fones no ouvido, mesmo que a música estivesse pausada há tempos. Era minha forma de criar uma barreira invisível, um espaço seguro no meio daquele caos velado.
Meu celular vibrou no bolso, tirando-me da minha bolha. Peguei o aparelho, e um sorriso automático surgiu ao ver o nome que piscava na tela: *Megera/ruivinha*.
“Tudo bem por aí?” li sua mensagem.
Ri baixo. Ela sempre sabia quando eu precisava de uma âncora para manter os pés no chão.
“Tudo sim, ruivinha. E por aí?”
Sua resposta veio quase instantaneamente.
“Correndo como sempre. Mas me conta... Tá gostando dessa viagem nostálgica?”
Olhei ao redor, observando os outros.