O dia do aniversário de Selene finalmente havia chegado, mas ela não poderia estar mais triste. Sua carta não havia recebido resposta, e, pior do que isso, Aiden havia confirmado presença na festa. Como aquilo não o afetara? Por que ele ainda queria estar ali?Selene sentia-se sufocada pelo vestido luxuoso que vestia. O tecido era de um azul profundo, quase negro, bordado com fios de prata que brilhavam à luz. O corpete realçava sua silhueta esguia, e a saia fluía como uma cascata ao redor de seu corpo. Seu cabelo foi preso em um penteado elaborado, com mechas soltas emoldurando seu rosto, e a maquiagem realçava seus olhos e lábios, deixando-a ainda mais etérea. Era tudo deslumbrante, digno de uma futura Luna. Mas, ao se encarar na penteadeira do quarto, Selene via apenas uma garota infeliz.Uma batida na porta interrompeu seus pensamentos.— Entre. — sua voz saiu sem ânimo.Astrid surgiu na porta, seu olhar pousando sobre Selene com uma expressão neutra.— Você está linda. — disse, a
As semanas seguintes foram exaustivas para Selene. O treinamento para noivas, que no início consistia apenas em aulas de etiqueta e postura, logo se intensificou. Agora, além das intermináveis lições sobre protocolo e deveres de uma Luna, havia sessões diárias de dança, jantares formais e simulações de reuniões políticas. Tudo isso lhe causava náusea. Ela não se via como a futura esposa de Aiden, tampouco queria assumir esse papel. Mas ninguém parecia se importar com o que ela queria.A única coisa que a mantinha sã eram seus encontros secretos com Darius. Sempre que podia, escapava para vê-lo. Às vezes, dentro da própria academia, arriscando-se nos corredores pouco movimentados. Outras, em lugares mais afastados da Cidade Alta, onde o olhar de Aiden não poderia alcançá-los. Com o tempo, Selene passou a sentir que já não tinha muito a perder.Então veio o primeiro passeio oficial com Aiden após o anúncio do casamento. Ele a pegou de carro, dirigindo sem dizer uma palavra. O caminho fo
O desaparecimento de Selene foi notado antes mesmo do amanhecer. A academia Lupiére era um ambiente rigoroso, onde a ausência de uma aluna de alto escalão não passaria despercebida por muito tempo. Quando perceberam que Selene não estava em seu dormitório, os superiores foram acionados imediatamente. Aiden foi o primeiro a ser notificado.O sangue ferveu em suas veias. Algo estava errado. Muito errado. Selene nunca se ausentaria sem um motivo grave. Seu primeiro pensamento foi Darius.O céu ainda estava escuro quando Aiden chegou à casa dele. Não se deu ao trabalho de bater de forma educada. Em sua forma lupina, seus punhos cerrados golpearam a porta com força, fazendo a madeira estremecer sob o impacto. Quando não obteve resposta rápida o suficiente, a fúria o dominou e, com um único movimento violento, arrombou a entrada.Darius despertou sobressaltado, sentindo a pressão do perigo antes mesmo de entender a situação. Ainda sem camisa, avançou pelo corredor apenas para encontrar Aide
Selene permaneceu quieta por um longo tempo, absorvendo cada palavra dos sequestradores enquanto arquitetava sua fuga. Eles eram desorganizados e ingênuos, sem a menor estrutura para conduzir um sequestro dessa magnitude. Então, num momento oportuno, ela soltou um suspiro longo e teatral, chamando a atenção deles.— Estou com fome. — Sua voz soou firme, mas sem arrogância.Os vampiros se entreolharam, incertos sobre como lidar com isso. Um deles coçou a nuca, claramente despreparado.— O que a gente faz com isso? — murmurou Joab, desconfortável.— Se ela desmaiar, vai ser pior para negociar, não é? — argumentou outro, hesitante.No fim, após lhe oferecer um pedaço de pão embolorado, um deles desamarrou suas mãos, resmungando que ela deveria se virar sozinha, mas a mantiveram sob vigilância. Selene mal conteve um sorriso triunfante. Eles haviam cometido um erro. Agora, só precisava esperar o momento certo para escapar.Fora dali, em um dos muitos becos imundos da Cidade Baixa, um human
Aiden levou Selene diretamente para sua casa, mas não a que seria deles no futuro — não, ele a levou para a grande mansão de seu clã. A construção imponente, feita de pedra escura e madeira refinada, ergueu-se diante deles, com colunas majestosas e janelas altas, como um castelo antigo. O brasão da família Vasquez adornava a entrada, uma lembrança clara do poder e prestígio daquele lugar.Ao cruzarem as portas, Selene foi rapidamente cercada pelas servas da casa, que a levaram quase à força para um dos amplos banheiros. Ela mal teve tempo de protestar antes de ser despida e colocada em uma grande banheira de mármore cheia de água quente e ervas perfumadas. As mulheres lavaram seus cabelos, esfregaram sua pele e, sem lhe dar escolha, vestiram-na com uma camisola fina e confortável, antes de pentearem seus cabelos com cuidado.Selene revirou os olhos diante de tanto zelo. Por mais que estivesse exausta, sentia-se perfeitamente capaz de fazer tudo aquilo sozinha.Quando finalmente foi co
Selene finalmente parou de resistir. Não fazia mais sentido continuar procurando um plano mirabolante escondido atrás da bondade de Aiden. Ela simplesmente aceitou. Nunca fora tratada daquela forma, com tanta consideração e paciência, e não podia negar que aquilo aquecia seu peito de um jeito estranho. Talvez fosse fácil de se impressionar porque nunca havia recebido nada parecido antes. O fato era que, naquela tarde, quando Aiden a convidou para um passeio, ela aceitou sem hesitação. Iriam visitar amigos dele, e, pela primeira vez desde que chegara ao clã Vasquez, Selene sentiu que podia simplesmente aproveitar o momento, sem desconfiança ou resistência.Enquanto isso, na mansão do clã de Darius, o próprio ainda estava trancado no quarto do pânico. O silêncio denso do lugar se tornara sua única companhia nos últimos dias. Seu corpo estava fraco, os músculos exaustos pela privação de comida e água, e sua mente fervilhava em tumulto. Darius nunca se sentira tão inútil, tão envergonhado
Aiden tinha dezessete anos quando seu pai começou a prepará-lo para o papel de alfa. O treinamento era intenso, não apenas no combate e nas estratégias de guerra, mas na liderança. Seu pai não era um governante cruel—pelo contrário. Vasquez carregava respeito não só entre os lobos, mas também entre os humanos, apesar de não reconhecê-lo pelo clã, mas por seus atos.Naquele dia em particular, ele acompanhava o pai à Cidade Baixa. Era um lugar miserável aos olhos de muitos, mas para seu pai, era uma responsabilidade. Ele havia fundado o orfanato para humanas e era a mente por trás do auxílio-humano, um programa que oferecia abrigo, comida e segurança para aqueles que não pertenciam ao mundo dos lobos.— Quando eu me for, tudo isso será seu para gerenciar, Aiden — seu pai dissera enquanto caminhavam pelos becos estreitos. — Os fortes não são aqueles que apenas impõem medo, mas os que garantem que até os fracos possam viver com dignidade.Aiden assentiu, absorvendo as palavras. Ele respei
Na grande sala de reuniões do clã Thornheart, o ar estava pesado. Darius ficou de pé durante todo o julgamento; os ombros tensos, a cabeça erguida, mas o corpo denunciava sua fraqueza. Ainda assim, não havia sinal de arrependimento em seus olhos.O alfa-mor se levantou, a presença esmagadora preenchendo a sala.— Darius Thornheart, seu comportamento desonrou este clã — começou, a voz carregada de julgamento. — A lua nos concede força, e com ela, responsabilidade. Você agiu de forma egoísta, sem respeito por sua posição, sem respeito por sua própria linhagem.Darius nada disse. Manteve o olhar fixo no patriarca, esperando o veredito sem demonstrar qualquer emoção.— Por decisão unânime, você jamais será Alfa deste clã. Seu sangue não lhe garantirá liderança, e nunca poderá reivindicar uma Luna.Um burburinho percorreu a mesa, mas Darius apenas soltou um suspiro quase aliviado.Que fosse. Ele nunca quis as responsabilidades que o título traria. Nunca se importou em guiar o clã, em prote