Descobri que Laila, assim que pegou minha tese, correu para publicá-la no fórum da escola, toda orgulhosa.
Por azar dela, meu orientador viu a publicação.
Ele sempre me admirou — chegou até a revisar a tese comigo, por isso, assim que viu o post da Laila, percebeu de imediato que havia algo errado.
Ele começou a questioná-la online sobre detalhes técnicos do trabalho.
E, claro, Laila não soube responder a nada.
Os usuários logo perceberam o absurdo — quem não sabe explicar a própria tese?
A enxurrada de comentários acusando-a de plágio não demorou a chegar.
— A Laila ficou arrasada! Já desmaiou chorando várias vezes!
Zara, você é irmã dela... como pôde machucá-la assim? Pede desculpas agora!
Simon, ignorando meu estado debilitado, me puxou da cama e me empurrou até a frente da Laila, cobrando-me.
Minha mente se afastou por um instante.
Quando foi que ele e Laila ficaram tão próximos?
Cinco anos atrás, eu havia sido expulsa de casa.
Chovia forte naquela noite, e eu caminhava pela rua, molhada dos pés à cabeça, completamente perdida.
Foi quando Simon apareceu.
Assim que o vi, minha loba, ferida e silenciosa, se agitou — aquele elo especial entre nós me dizia que ele era o meu companheiro destinado.
Ele me levou para sua casa. Me deu roupas secas e novas, preparou um café quente e escutou, em silêncio, tudo que eu desabafei sobre a injustiça da minha família.
Ele se comoveu com minha história e prometeu cuidar de mim para sempre.
Na época, ele nem sequer conhecia a Lívia, e já não gostava dela só por saber o que ela tinha me feito.
Ele detestava quem me machucava.
Mas... quando foi que o desprezo virou carinho?
Foi quando Laila começou a se pendurar nele, chamando de "Simon" o tempo todo?
Ou quando ela invadia nossos encontros e se agarrava a ele, se enfiando no meio de nós dois?
Ou quando passaram a conversar horas e horas todos os dias, como velhos amigos?
O homem que eu amava se tornou o cavaleiro da pessoa que eu mais odiava.
Eu, que já tinha aceitado meu destino, senti uma dor aguda ainda assim.
Mas... estou morrendo.
Se é isso que eles querem — então que fiquem com tudo.
Falei com calma:
— Foi minha culpa. Você foi atacada na internet por minha causa. Me desculpa. Posso ir online e explicar tudo, dizer que a verdadeira plagiadora fui eu.
Assim que as palavras saíram da minha boca, todos ficaram em choque.
Ninguém parecia esperar que eu fosse tão obediente.
Mamãe me olhou com uma expressão complicada:
— Agora que você aprendeu a amar sua irmã... ver vocês unidas nos deixa tranquilos, tanto a mim quanto ao seu pai.
Papai também falou, aliviado:
— Zara, você finalmente amadureceu. Se continuar assim, tão compreensiva, sua mãe e eu vamos amar você de verdade!
Nos olhos de Simon, vi um relance de culpa.
Ele tentou me confortar:
— Você é minha companheira. Eu vou te proteger. Mesmo que não possa estudar mais na Academia de Lobisomens, sua vida ainda pode ser boa.
Meu rosto estava pálido, mas mesmo assim forcei um sorriso.
"Não vai ter mais futuro. Esse amor, essa proteção... pesam demais para mim. Não quero mais."
Laila ligou a câmera e começou a gravar um vídeo.
Na frente do visor, chorava de forma lastimosa:
— Eu escrevi essa tese em casa. Nunca imaginei que minha irmã fosse pegá-la e fingir que era dela.
Assim que terminou, virou a câmera para mim.
Mamãe, papai e Simon me encaravam tensos, como se temessem que eu dissesse algo "errado".
Estiquei os lábios num sorriso torto e disse para a câmera:
— Ela está certa. Eu copiei a tese da Laila e disse ao meu orientador que fui eu quem escrevi. Me desculpem.
Todos suspiraram aliviados.
Laila rapidamente postou o vídeo no fórum da escola.
Logo, as ofensas e insultos começaram a chover — todos me acusavam.
Então ela postou outro tópico, fingindo me defender:
— Por favor, parem de xingá-la. Afinal, ela ainda é minha irmã. Eu já a perdoei.
Na primeira oportunidade, quando a família virou o rosto, ela me lançou um olhar provocador.
— Você não é nada. Nem família, nem amor te pertencem.
— Mamãe, papai... até o Simon.
— Eles são meus.