Lucila
Os dedos de Vitório se fecharam ao redor de seu pulso com firmeza, e a delicadeza com que ele sempre a tocava parecia ter evaporado por completo.
A dor não era intensa, mas o gesto duro a magoava por dentro. Lucila mal teve tempo de processar o olhar indignado e furioso, que o marido lançou quando a encontrara nos braços de Ícaro.
Ela nem soube como explicar, como se defender. Porque não houve crime, mas, para Vitório, aquilo parecia ter sido uma traição.
As lágrimas vieram com facilidade, silenciosas, escorrendo por suas bochechas coradas enquanto ele a arrastava pelos corredores imponentes do castelo. Os sapatos faziam eco no piso de mármore, os passos dele eram rápidos, decididos. Ela quase tropeçava tentando acompanhá-lo.
Vitório não dizia uma palavra.
E esse silêncio era ainda mais doloroso do que qualquer grito.
Lucila sentia o peito apertado, o coração pulsando descompassado com culpa, vergonha e medo. Sentia-se como uma criança que fez algo terrivelmente