Eduardo
Ainda não havia conseguido retomar o fôlego desde que deixara a reunião de forma abrupta. As paredes frias da sala o cercavam quando a porta se abriu com um estrondo seco.
- O que foi aquilo? - a voz grave ecoou, fazendo Eduardo se enrijecer na cadeira.
O avô entrou, imponente, cada passo marcado pela segurança de quem construíra um império com as próprias mãos. Os cabelos brancos não diminuíam sua presença intimidadora; pelo contrário.
- Abandonar uma reunião daquela forma? - encarou o neto com desdém. - E mais… ouvi dizer que sua mulher se demitiu. - Uma sobrancelha arqueou. - É isso? Resolveram ter filhos?
Eduardo soltou uma risada curta, amarga.
- Não, vô. Ela pediu o divórcio.
O velho o fitou com incredulidade.
- Por que você decidiu se divorciar?
- Não fui eu. - Eduardo respirou fundo, buscando firmeza. - Foi ela.
- Ela deu um motivo? - o velho passou a mão pelo queixo, pensativo.
- Não disse nada. Só saiu de casa e deixou o acordo.
- Não faz sentido. Vai te processar?