Eduardo
O escritório estava silencioso, exceto pelo zumbido constante do ar-condicionado e pelo clique frenético das teclas.
Eduardo Braga se inclinou sobre os papéis, rabiscando números e revisando relatórios que já não significavam nada. O trabalho era a única coisa que ainda conseguia preencher o vazio desde o divórcio. Cada contrato fechado, cada planilha organizada, era apenas uma tentativa de não encarar o buraco que se abriu dentro dele.
As luzes frias refletiam na gravata ligeiramente afrouxada e no rosto cansado. O estômago ardia, lembrando-o de que o corpo não acompanhava a obsessão pelo excesso de trabalho e álcool. Ele ignorava a dor. Cada novo e-mail ou relatório urgente era mais um pretexto para se manter ocupado - para não pensar no que realmente importava: o que havia perdido.
- Eduardo, você está mesmo tentando se matar? - a voz de Gustavo cortou o silêncio, firme, mas carregada de preocupação.
O amigo entrou no escritório segurando duas xícaras de café e parou por al