Dominic, por sua vez, nada fez além de se permitir sentir. Se permitir absorver cada gesto dela, cada cuidado, cada pequena ação destinada a fazê-lo se sentir melhor. Porque ele sabia que aquilo não era apenas um dia comum. Era amor, traduzido em cada detalhe.Vivienne não deixou que ninguém mais cuidasse dele naquele dia. Nenhuma refeição foi preparada pelos empregados, cada prato foi feito por suas próprias mãos, com carinho, escolhendo ingredientes com cuidado, atenta a cada detalhe, como se quisesse colocar um pedaço do seu amor em cada sabor.Entre uma refeição e outra, ela o guiava para o sofá ou para a cama, onde seus dedos delicados deslizavam por seus ombros e costas, massageando com ternura, dissolvendo pouco a pouco as tensões que ele acumulava. Em alguns momentos, ficava apenas ao lado dele, sua cabeça apoiada no peito dele, traçando círculos suaves com os dedos em sua pele, como se quisesse acalmá-lo da forma mais simples e íntima possível.E então, quando não estavam em
Do lado de fora, Vivienne inspira fundo, tentando recuperar o fôlego, mas seu coração continua disparado no peito. Seu rosto arde, não somente pela surpresa, mas pelo constrangimento evidente.O segurança, sempre atento, a observa com preocupação, analisando sua expressão e postura em busca de qualquer sinal de perigo. Seu olhar vigilante se fixa nela, pronto para agir caso necessário.— Senhora Wade, necessita de alguma assistência? — O segurança questiona, sua postura firme e profissional, analisando atentamente qualquer sinal de perturbação.Antes que Vivienne possa formular uma resposta, a porta se abre repentinamente, revelando Joana envolta em uma toalha, a pele levemente suada e o rosto corado, indícios claros de que havia sido interrompida em um momento particularmente íntimo.— Vivi, eu posso explicar. — Joana dispara, a voz ligeiramente ofegante, enquanto ajusta a toalha ao redor do corpo, visivelmente constrangida. Seu olhar oscila entre a amiga e o segurança, tentando enco
Vivienne abre os olhos com dificuldade, piscando lentamente, enquanto sons indistintos alcançam seus ouvidos. Ruídos abafados, sirenes ao longe, vozes que sussurram em um tom urgente. Tudo se mistura em um turbilhão caótico que parece distante demais, como se ela estivesse presa em um sonho confuso.Seus olhos se movem com esforço, e então ela vê. O motorista está desacordado, o corpo inerte entre os airbags inflados. Seu peito sobe e desce irregularmente, mas ele não se mexe. Um arrepio percorre sua pele e o medo se instala em seu peito.Batidas firmes na porta ao seu lado a fazem girar a cabeça, cada movimento carregado de dor e peso. Sua visão, ainda embaçada, captura uma figura vestindo vermelho, talvez um bombeiro, talvez um paramédico.Com dificuldade, sua mão trêmula desliza até a trava da porta. Seus dedos encontram resistência, mas ela força, sentindo o pequeno clique da liberação. Mas antes que possa sequer tentar sair, uma tontura esmagadora a domina. A luz ao seu redor se
Um grito escapa dos lábios de Vivienne, afogado pelo pavor coletivo no carro. Os outros passageiros também gritam, o som de puro terror preenche o espaço apertado. Dedos implacáveis se fecham ao redor de seu tornozelo, puxando-a com força. Seu corpo desliza pelo banco, a pele roçando no estofado, enquanto ela se debate freneticamente, chutando no ar, tentando se agarrar a qualquer coisa.O homem do lado de fora sorri. Um sorriso maléfico, sombrio, como se já soubesse que havia vencido. Com a mão livre, move-se com calma assustadora e, em um estalo seco, destranca a porta.— Não! — Vivienne grita, sua voz rasgando o caos ao seu redor. Ela se debate freneticamente, chutando, tentando se livrar do aperto feroz em seu tornozelo. Seus movimentos são desesperados, descoordenados, impulsionados pelo puro instinto de sobrevivência. Suas unhas cravam no estofado, seu corpo se contorce em desespero. A dor em seu ventre se intensifica, mas o medo a impulsiona.— Nos tire daqui! — A mulher no b
Mais dois paramédicos chegam em disparada, empurrando uma maca com urgência, enquanto o primeiro socorrista, já ao lado do carro, avalia a situação com precisão, absorvendo cada detalhe em um instante.— Senhora, consegue me ouvir? — O socorrista pergunta, sua voz firme, enquanto toca suavemente o rosto de Vivienne, tentando trazê-la de volta à consciência.Vivienne pisca, mas sua visão permanece embaçada, os contornos ao redor se dissolvendo em sombras trêmulas. Os sons chegam distantes, abafados, como se ela estivesse submersa em um oceano de inconsciência. Sua boca se entreabre, lutando para moldar palavras, mas tudo que escapa é um murmúrio fraco, perdido no vazio.— Ela está perdendo a consciência! — Alerta rapidamente, a urgência transbordando em sua voz.Mãos firmes a seguram, deslizando-a cuidadosamente para fora do carro e colocando-a na maca. Quando seu corpo se deita, uma nova onda de dor brutal a atravessa e seu ventre se contrai novamente. Um grito fraco escapa de seus láb
No silêncio do escritório, Dominic observa o relógio em seu pulso, os olhos fixos nos ponteiros que avançam lentamente. Vivienne estava, no máximo, a dez minutos dali, mas já haviam se passado quinze. Seu cenho se franze levemente. Nesse horário, o trânsito nunca é um problema. Nenhum congestionamento, nenhum motivo para atraso. A sensação incômoda de que algo está errado começa a crescer dentro dele, silenciosa, mas insistente.Ele desliza a mão pelo bolso, pronto para pegar o celular e ligar para ela, mas, antes que possa fazê-lo, o som da porta se abrindo ecoa pelo ambiente. O alívio vem primeiro, dissolvendo a tensão em seu peito, e um sorriso discreto começa a se formar em seus lábios. Ele solta uma respiração que nem havia percebido estar prendendo, enquanto seu olhar se volta instintivamente para a entrada, esperando encontrá-la ali, como sempre. Mas, no instante seguinte, o sorriso desaparece.— O que você faz aqui? — Dominic questiona, a sobrancelha ligeiramente arqueada, enqu
O suor escorre por seu rosto, misturando-se ao desespero que pulsa em cada célula de seu corpo. Seus olhos ardem, queimam como se estivessem em chamas, talvez pelo cansaço, talvez pelo estresse esmagador, ou talvez, pelas lágrimas que ele se recusa a aceitar que estão ali. Ele pisca rapidamente, apertando os olhos com força, como se pudesse controlar a maré que ameaça transbordar. Ele precisa manter o controle. Precisa acreditar que ela está bem, que tudo isso não passa de mais um erro, um mal-entendido, que chegará ao hospital e a verá segura, deitada em uma cama, cansada, mas bem. Mas essa mentira se desfaz a cada segundo. Porque algo dentro dele grita.E esse grito é insuportável. Ele sente, como uma presença invisível esmagando seu peito, como um punho fechado ao redor de seu coração, apertando, sufocando, impedindo que o ar chegue aos pulmões. O medo rasteja para dentro dele, consumindo-o por inteiro. E então, como se fosse uma sentença inevitável, a memória do dia em que quase
Antes que Dominic possa avançar ainda mais pelo corredor, uma mão firme agarra seu braço, interrompendo seu impulso como se o puxasse de volta à realidade. Ele se vira, os olhos ardendo em fúria, pronto para se livrar de qualquer um que tentasse impedi-lo, mas se depara com a enfermeira que lhe deu as informações. — Senhor, não é permitido entrar assim. — Adverte, segurando-o com firmeza, sua postura profissional e inabalável. — O acesso ao centro cirúrgico exige protocolos rigorosos de higienização. — Eu não dou a mínima para protocolos. — Dominic afirma, a voz cortante, carregada de uma ameaça silenciosa. — Compreendo sua urgência, senhor, mas se deseja vê-la agora, precisa me acompanhar. — Declara, sem recuar, mantendo a voz calma. — Se insistir em entrar dessa forma, não será permitido o acesso, pois a falta de higienização e paramentação adequada pode representar um risco para a paciente, devido a possíveis contaminações no ambiente cirúrgico.As palavras atingem Dominic com a