06. Minha.

Maya Stone

Amarrei o último lençol na janela com mãos trêmulas, os dedos machucados pelo nó apertado.

Olhei para baixo. O mundo lá embaixo parecia tão longe... e ao mesmo tempo, era tudo o que eu queria: distância.

Fechei os olhos e me deixei cair, guiada por aquele trapo improvisado. O impacto me arrancou o ar — minhas costas bateram no chão com força. Mas não gritei. Dor era melhor que prisão.

Eu precisava fugir. Precisava ser eu.

Corri pela mata sem pensar. Galhos arranhavam minha pele, espinhos rasgavam meu vestido. O cheiro de terra molhada e folhas úmidas me preenchia, mas o que realmente me dava calafrios era o cheiro dele. Do Alfa.

Eu sabia que ele vinha. Que me seguia.

Mesmo não sendo como eles, eu podia sentir.

Era como uma âncora invisível, um fogo que queimava mesmo à distância. O tal vínculo. Ele falava como se fosse inevitável, natural. Mas nada disso era natural. Nada disso era certo.

Porque eu não era dele.

Nunca seria.

Quando minhas pernas enfim cederam, caí junto ao riacho. Enfiei os pés na água gelada, mas não adiantou. O calor dele ainda me queimava por dentro.

Encolhi-me ali, chorando em silêncio, tentando sufocar a dor que não vinha só da fuga, mas também da raiva. Do desejo. Da maldita confusão que ele colocava dentro de mim.

Me agachei próximo ao lago. Como seria a minha vida se papai ainda estivesse vivo? 

Com certeza seria diferente. Eu soube o que era o amor, eu tive o amor dele. E mesmo sem conhecer a minha mãe, eu sentia que era amada.

Mas havia tantas coisas que precisavam de respostas. Por exemplo, porque diabos eu não conseguia me transformar?

Bom, talvez eu nunca descobrisse.

Um barulho me tirou do transe, o estalo de um galho. Meu corpo congelou e eu me retrai para trás.

Merda.

Ele surgiu entre as árvores como uma sombra: imenso, ofegante, os olhos amarelos faiscando não só de raiva... mas de algo mais escuro. Algo que me puxava.

— COMO VOCÊ OUSA? — sua voz ecoou pela floresta.

Tentei me levantar, mas meu corpo me traiu. Ele se aproximava com passos firmes, como um predador que não via mais graça no jogo.

— Achou que poderia fugir de mim? — rosnou, agachando-se diante de mim. — Olhe para você. Ferida. Tremendo. É isso que chama de liberdade?

— Você não pode me prender aqui. — falei. 

— E você precisa aprender a respeitar a hierarquia.

Tentei recuar, mas ele já segurava meu rosto com força, obrigando-me a encará-lo. Seus olhos me perfuravam como se pudesse me enxergar por dentro.

— Por que você me escolheu? — minha voz saiu falha, embargada.

Ele sorriu. Aquele maldito sorriso de canto.

— Talvez porque você me intriga. Talvez porque eu quis te quebrar. — disse, sem culpa. Sem pressa.

— Eu sei o que você quer. Um herdeiro. Uma fêmea dobrada, moldada para te servir. Eu não sou sua maldita égua de reprodução! Minha prima serve mais para esse serviço do que eu.

Ele ficou em silêncio por um segundo, e foi mais assustador que qualquer grito.

— Você não tem ideia do que está dizendo — murmurou. — Você não sabe o que foi me segurar quando te encontrei. E agora acha que vai fugir pela janela, como se fosse invisível? Você mal aguentou correr. é fraca. — ele sorriu. 

— Eu sou livre! — cuspi. — Não sou sua!

Ele se inclinou. O nariz roçando meu pescoço. Um toque suave, íntimo, devastador.

— Seu corpo pensa diferente — sussurrou. — Porque mesmo agora... com medo, com raiva... você ainda sente desejo, eu sinto isso no seu cheiro. Na sua respiração. 

Tentei empurrá-lo, mas ele segurou meus pulsos. E mesmo contida, eu estremeci. De ódio. Ou de algo pior.

— Eu não sinto nada! — menti.

— Então por que seus olhos me procuram quando me afastam? — disse, mais baixo agora. O olhar dele queimava, mas era diferente. Quase… ferido.

Ele se levantou, a respiração pesada, a mandíbula cerrada.

— Chega. Você vai voltar para a mansão. Vai descansar. E amanhã... se quiser fugir de novo, tente. Eu não vou te parar. Mas não reclame quando o mundo te mostrar que a única coisa pior do que estar ao meu lado... é estar sozinha.

As lágrimas escorriam quentes pelo meu rosto.

— Então é isso? Vai esperar até que eu desista de resistir? Vai me sufocar até eu aceitar ser sua fêmea?

O olhar dele escureceu.

— Você já é minha Stone. Só não sabe ainda. E quanto ao filho... — ele hesitou, como se estivesse se contendo — ...isso virá com o tempo.

Meu corpo gelou.

— Você está doente.

— E você está ferida. Por dentro. Por fora. Talvez eu seja o único que consegue te consertar... ou te destruir de vez.

Então ele me puxou. Me joguei contra o peito dele com os punhos cerrados, chutando, gritando, mordendo — e ele não cedeu. Só me segurou mais firme.

Ele me carregou de volta. Como se fosse dono de mim.

Mas eu jurei, com cada fibra do meu corpo:

Essa seria a última vez que ele me tocaria sem minha permissão.

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