NARRADORA
Alexandre estava no escritório, mas não conseguia se concentrar nos gráficos e relatórios. A imagem do tapa e a urgência do beijo eram apenas a ponta do iceberg.
Lídia estava no sofá de couro, envolta em um roupão, com o rosto ainda marcado. Ela não estava apenas aliviada, estava triunfante.
— Você viu, Alexandre? Ela perdeu o controle, ela é uma ameaça. Estou feliz que você finalmente tenha tirado aquela intrusa daqui. — Lídia suspirou, um som de puro alívio. — É bom que Lorena aprenda cedo que não pode se apegar a qualquer uma.
— Não diga isso, Lídia. — Alexandre a cortou, a voz tensa. — Lorena precisa de afeto. E Lia... Lia era a única que oferecia isso a ela consistentemente.
Lídia riu, um som seco e frio.
— Poupando-me do trabalho. O afeto dela é insalubre. Ela precisa de disciplina, não de uma babá que a deixa sair correndo pela casa. É bom que ela chore um pouco. Vai amadurecer.
A frieza de Lídia era um veneno. A satisfação em ver a dor de Lorena era palpável, e Alex