Ele ficou em silêncio por uns segundos. Pensativo. Mas com aquele brilho no olho de quem já pisou no barro, já correu da polícia e já enterrou amigo no chão batido da favela.
— “Tu lembra, né?” — ele soltou, a voz rouca. — “Daquela noite na Litte Club…”
— “Lembro.” — falei, com a memória fervendo. — “Tu apareceu no meio do caos. Ex-traficante de respeito, querendo se manter longe da guerra… mas com sede de propósito.”
— “E tu me deu.” — ele assentiu. — “Me deu Jade.”
— “Te dei a missão de protegê-la. De ficar colado nela que nem sombra.”
— “E eu cumpri.” — ele disse, firme. — “Todo mundo achava que tu me contratou como segurança. Mas só a gente sabe… que naquela noite, quando tu me puxou pro teu bonde, foi pacto. Tu viu o lobo escondido atrás do favelado.”
Me aproximei dele. Sentei de frente. A tensão no ar era grossa como fumaça de cemitério.
— “Tô te chamando de volta, Juninho. Mas agora… não é mais pra proteger a Jade. É pra proteger o trono que ela vai sentar junto comigo.”