Capítulo 2
Rafael Silva, brasileiro, era delegado de Brasília até ser transferido para os Estados Unidos. Gosta do seu país, mas o dever o chama e como é fascinado em seu trabalho, aceitou a transferência de bom grado. No futuro não se tem vez nem chance, as cidades são cheias de arruaceiros incorrigíveis, os que não são presos, são exterminados. Rafael anda pelas ruas de Las Vegas sentido o prédio onde trabalha há uma semana. Foi designado a um trabalho diferenciado, trabalhar com máquinas. Isso lhe agrada? Não! Mas não tem jeito, tem que obedecer a ordens. E sua próxima ordem é: - Delegado Silva, você foi o escolhido para trabalhar com o mais novo experimento dos Estados Unidos da América — diz seu superior. Rafael suspira, com certeza será obrigado a trabalhar com alguma espécie de robô desengonçada como alguns que andam pelas ruas de Las Vegas. O desagrado em seu rosto é visível, pois não gosta de máquinas, não para substituir os humanos. Na sala de seu chefe no último andar está de pé, escutando atentamente e suas suspeitas são confirmadas. - Trabalhará nas ruas no período da noite. Como é responsável por toda a delegacia terá uma parceira para o ajudar — diz olhando para trás. — Está é Celina Cyborg, trabalharam juntos vinte e quatro horas para determinar melhor o desempenho dela. Rafael observa a robô que mais parece um ser humano entrar na sala com roupa de policial, o olhar dela é distante, típico de um robô. — Ela não parece diferente dos outros — diz tentando não demonstrar tanto seu desagrado. — Não tem nenhum tipo de emoção. Como vão achar que ela é um ser humano? — Ela não está cem por cento ativa, está em standby. Irá parecer com qualquer um assim que a ligar por completo. Vamos até sua sala, vou explicar todos os procedimentos para cuidar bem dela. — Eu vou ser babá dessa coisa? — diz incrédulo. — Não seja tão pessimista. Olhe bem para ela, é uma gracinha. Rafael observa o robô sem emoções aparentes, a beleza dela deve ser artificial como todo o restante do corpo. — Prefiro trabalhar com ser humano. — Sabemos disso, mas temos certeza de que vocês dois se darão muito bem. Eles vão até a sala do delegado, o responsável por entregar Celina para o delegado explica tudo o que ele precisa saber e sai deixando Rafael com um ponto de interrogação na testa. Ele entra na delegacia e passa por Celina sem olhar para ela. Senta-se à mesa e olha para a robô. Infelizmente essas ordens que recebeu devem ser cumpridas, então ranger os dentes e diz: — Celina Cyborg, ligar sistema geral. Ela respira profundamente e pisca olhando para os lados. Rafael observa o jeito dela, é como se tivessem trocado um robô por um ser humano. — O que você é? — Sou Celina Cyborg, o robô do futuro. Suspira decepcionado com a resposta, mas não tem o que esperar é o que ela é. Apenas um robô. — Vamos ver o que você sabe. Venha comigo — diz indo até o estacionamento subterrânea da delegacia. Celina olha com olhos brilhantes para uma moto grande e brilhante. Rafael fica impressionado com o interesse dela. — Gostei da moto. — Poderá andar nela em outro momento. Agora temos que ver se você sabe dirigir tão bem quanto acredito. Ela afirma com um aceno de cabeça e o segue até o carro que vai dirigir. Minutos depois, andam pelas ruas de Las Vegas. — Quero que monitore todo o perímetro. — Monitoramento ligado, acessando todos os dados num raio de 2 quilômetros. — Algo anormal? — Não, aparentemente está tudo bem. Eles andam de carro até um restaurante próximo. — Você fica aqui no carro, vou jantar, estou faminto. — Também preciso comer. Ele olha para ela com a testa enrugada não acreditando que um robô se alimente. — Você... — Sou uma Cyborg, não sou cem por cento uma máquina. — Se você diz que come, então entre comigo. Eles entram e sentam à mesa, um engraçadinho passa por Celina e volta, sem se importar com Rafael olha para ela dizendo: — Quem é você delícia? Sabe... Posso ser o homem dos seus sonhos. Celina olha para o homem ao seu lado e o responde à altura. — Impossível, o sonho é uma imaginação sem fundamento, uma fantasia ou ilusão. Uma felicidade que dura pouco. Definitivamente, você jamais será um sonho para mim, principalmente porque não sonho. — Você é durona. — Sou uma mulher policial, sou o que tenho que ser. — Aposto que em quatro paredes é uma fera. — Saia, ela está comigo — diz Rafael dispensando o homem que não se importa com o que ele diz e continua falando com Celina. — Eu quero ver do que é capaz. Desejo que coloque suas mãos lindas em mim... — Cuidado com o que deseja — diz num tom sério o alertando. — Poderia ser... Doloroso. Celina sorri pela primeira vez e Rafael mais uma vez olha para ela como se fosse um ser humano. Balança a cabeça como se seu cérebro estivesse lhe pregando uma peça. — Como mãos tão lindas poderiam me machucar? Vamos deixar de conversar furada e ir ao que interessa. Alugo um quarto pra gente se divertir. Rafael franze a testa mais uma vez e sorri. Celina olha para o delegado e depois para o homem que é muito insistente. — Eu não estou com vontade. É melhor você ir ou será preso por importunação. Suspirando, o homem sai com uma carranca no rosto. Celina apura os ouvidos em mil por cento, sente os batimentos cardíacos dele se alterar, acredita que ele não está nenhum pouco satisfeito. Ficará de olho caso venha causar algum imprevisto. — Desculpem por isso, ele bebeu demais — diz a garçonete. — Aqui está o cardápio. Celina lê o cardápio em dois segundos, o fecha calmamente enquanto diz o que vai querer. — Camarão ao molho de pimenta com talharim. Rafael deixa o cardápio de lado olhando para Celina e pede o mesmo, ficou curioso referente ao prato que ela pediu. — Bebidas? — Nada por enquanto — ele respondeu olhando para o celular. Celina está sentada ereta, seu olhar vague-a pelas mãos de Rafael no celular. O observa com curiosidade as mãos dele deslizando os dedos pelo aparelho. Por um momento seu cérebro parece pregar-lhe uma peça. Em sua mente vê dedos diferentes dos dele que seguram sua mão com uma aliança com muito carinho. Seus olhos arregalaram a fazendo suspirar ruidosamente. Rafael olha para ela preocupado, um alerta vermelho é mostrado no celular. — Você está bem? — Meu nível de serotonina subiu. Irá se estabilizar em breve. Ele observa o celular, ela está certa, o alerta está desligado e mostra os hormônios se regulando fazendo ela ficar com o semblante neutro novamente. Eles jantam em silêncio até Rafael perguntar: — Você é humana? Como consegue se alimentar? Ela sorriu ao ouvir a pergunta, isso deixou o rosto dela mais lindo do que já é. — Sou humana. Tenho modificações no cérebro e alguns membros biônicos, mas sou uma mulher de carne e osso. Posso comer, dormir, enfim fazer tudo o que você faz.