Capítulo 1
Prólogo Washington, D.C. - Outubro de 2150. Terry Lewis, um dos cientistas mais considerados da NASA, terminou seu mais recente projeto, o BionicWoman. A apresentação do seu mais recente projeto será em poucos minutos. Nervoso e pensativo, imprimi o que falta de seu relatório e guarda em um envelope. - Perfeito. - Terry fala satisfeito para si mesmo. Atravessou o saguão apressado, está tenso, se o seu projeto for aceito, será uma realização de um de seus maiores sonhos. Terry Lewis é solteiro, não tem tempo para nada, nem ninguém, mal volta para casa nos seus dias de folga, seu nome é trabalho. É chamado pelos colegas de: O cientista maluco. Considera essas pessoas sem noção da vida, não sabem exatamente o que é amar o que faz da vida. Vai até o setor de reuniões e entra na sala olhando para todos que o estavam aguardando pacientemente. - Bom dia a todos - fala antes de se sentar. Todos na reunião o observam, está desarrumado, a barba por fazer, cabelo desalinhado, além de sua falta de jeito para conversar com as pessoas. Senta todo desajeitado e fica aguardando a liberação da chefe para dar início a sua apresentação. A Diretora de Ciências, Natasha Brown, olha para os colegas e dá liberação para que Terry comece. Os demais olham entre si, pois dão o projeto como dinheiro jogado no lixo e tempo perdido. - Pode começar Terry. - Fala a diretora com seu tom de autoridade. - Obrigado, senhora. - Terry agradece meio sem jeito e se levanta. Com dedos trêmulos insere um chip contendo toda a apresentação do projeto no computador. Todos assistem à apresentação com atenção até o final. Terry mostra os prós e os contras de todo seu trabalho. Explica que seu projeto tem 99 por cento de chance de ser um sucesso. - Então essa é a apresentação do meu projeto, Cyborg Woman. Estou aberto a perguntas, tirarei todas as suas dúvidas se tiverem. - Fala olhando um por um do conselho. A diretora fica o tempo todo calada, seus olhos e ouvidos não perdem nada do projeto. - Senhor Terry, diga-nos exatamente em que consiste seu projeto? - pergunta uma analista. - Sim, claro. - Ele arruma os óculos no nariz com seu jeito desajeitado. - Cyborg Woman será um soldado do futuro. Ela será o primeiro experimento, mas a intenção é fazer um exército num futuro próximo. Ela será inteligente, forte, irá exterminar todos os arruaceiros das ruas e com isso ajudará a trazer mais paz para o dia a dia de todos. - Tem a intenção de substituir os humanos? - Pergunta outro analista. - Não, a intenção é trabalhar ao lado de nós, mais precisamente, trabalhar com os nossos policiais. - respondeu sério. - O que o senhor quer dizer com, "ao lado de nós"? - Que futuramente, meus ciborgues possam fazer qualquer tipo de trabalho. O analista que fez a pergunta, faz uma anotação. - Caros analistas e diretores, meu trabalho é válido. Preciso de uma chance para lhes mostrar isso. - Fala chamando atenção de todos. Todos olham para a diretora de ciências, que diz: - O senhor precisaria de quanto tempo para montar a Cyborg? - Com todo respeito senhora, tendo um corpo humano, o mais conservado possível, precisarei de três meses para a montar, e fazer todos os testes necessários. A diretora se levanta dando a reunião por encerrada. Terry entra em desespero, esperando ansioso suas últimas palavras. - Senhor Terry, você tem uma semana. - Ela diz e sai da sala. Os outros pegam seus pertences e começam a sair um por um. Terry não sabe se chora ou se fica feliz, seu sonho irá se realizar, mas o prazo é mínimo. - Devo ser otimista, não tenho esposa nem filhos, posso trabalhar dia e noite. Nada muito diferente do que já faço... - fala para si mesmo se vendo sozinho na sala de reuniões. Sorridente, recolhe seu material de trabalho e segue para sua sala no andar inferior. - Vamos começar com a parte mais difícil, a escolha do corpo. - Fala sozinho deixando seus pertences em sua sala. Olha no relógio, falta uma hora para o almoço, dá tempo de ver alguns cadáveres congelados antes de almoçar. Segue direto para o necrotério, encontra um colega saindo: - Terry, que está fazendo nessa ala? - pergunta o colega interessado. - Bom dia, Douglas. Estou procurando um corpo. - Parece até piada o que me diz. É o que mais tem. Veio ao lugar certo. - Douglas volta para a imensa sala acompanhado de Terry. - Tem algum em mente? - Sim, quero uma mulher de grande beleza, se possível. - Temos uma belíssima, mas o corpo dela está bem maltratado. Ele o leva até o freezer de vidro onde estão expostos a maioria dos corpos em cápsulas e congelados. - O cérebro e o coração estão inteiros? - Apesar de uma deformidade na cabeça, sim, o cérebro não teve nenhuma lesão. Aqui está ela, é belíssima. Aperta um botão que traz a cápsula até onde estão. - Belíssima, não é? - o colega fala dando uma batidinha no vidro da cápsula. - Demais. - Terry passa os olhos por todos os detalhes do seu corpo, e franze a testa. - Ela tem uma cesárea? - Era mãe, esposa e dona de casa. - O que aconteceu com ela? - Acidente de carro, o marido sofreu um infarto, acabou invadindo a pista contrária e deu de frente com um caminhão. O corpo dela foi esmagado. Terry coloca a mão no queixo pensativo, não vai ser fácil ajeitar todo o corpo dela e fazer todo o restante em uma semana, irá precisar de muita ajuda e sinceramente gosta de trabalhar sozinho. - Algum problema Terry? - Vai me dar muito trabalho, ela tem metade de uma perna, um braço inteiro, tirando o machucado na cabeça e alguns outros machucados pelo tronco. - Ela tem todos os órgãos intactos. Por que a quer tão bonita? - Melhor. Ela será a policial do futuro, uma Cyborg. Uma mulher atraente pode levar um homem à morte. - Já gostei dela — diz o colega erguendo a sobrancelha. - Vou almoçar, descongele ela pra mim. - Claro, quando você chegar estará em sua sala. - Obrigado. - Disponha, fiquei curioso para vê-la viva. Bom almoço Terry. - Douglas fala sorridente. - Eu também estou curioso. Até mais. Terry sai, vai direto para o refeitório. Escolheu a primeira mulher que viu, mas valerá muito a pena, ela é perfeita. Ele praticamente engole a comida sem mastigar direito. Está super ansioso e empolgado para começar, além de não ter muito tempo. A primeira coisa que fará, são as ligações de músculos, tendões, terminações nervosas, as pernas e o braços biônicos, estão sendo feitos enquanto almoça pelo seu assistente, a placa na cabeça, para manter o cérebro coberto, ele mesmo fará, também mexerá nos olhos, câmeras serão instaladas nas retinas. Alguns colegas de trabalho o olham saindo apressado da mesa, nem se lembra de colocar a bandeja no elevador de limpeza, sua mente trabalha incansavelmente. Ansioso, praticamente corre até sua sala, horas e horas se passam. Não lembra quando começou a trabalhar nem sabe se é dia ou noite. Mas uma coisa é certa, os membros superiores e inferiores ficaram perfeitos. Nesse exato momento está terminando os últimos retoques na cabeça perto do olho. - Voilà! Uau, está perfeita. - Fala Terry satisfeito. - Agora, preciso transferir para a memória dela todas as leis do país e mundial. Saberá várias línguas estrangeiras, será sedutora, sexy, ninguém nunca negará ela como mulher. - Fala distraído. Três dias depois, Terry é acordado por uma mão que o está esmagando o seu ombro. - Há! Pare, vai quebrar o meu braço! A mão é retirada, abre os olhos e mau acredita no que vê. - Deu certo... - fala boquiaberto, em seguida começa a rir e gargalhar. - Eureka! Ergue os braços para cima gritando e sorrindo, segundos depois se acalma, olha para o seu experimento e diz: - Celina Cyborg, seja bem-vinda. A mulher à sua frente está quase completamente recuperada, quase como se tivesse renascido. Olha para ele com curiosidade enquanto ele admira seu trabalho com um sorriso nos lábios.