Victor Mendonça é um empresário de sucesso, acostumado a controlar todos os aspectos de sua vida com precisão. Após a morte inesperada de seu irmão caçula, ele se vê responsável por cuidar da cunhada e dos sobrinhos pequenos, enquanto tenta lidar com sua própria solidão e o vazio que as perdas recentes deixaram. Determinado a ajudar a cunhada a retomar sua vida, Victor decide contratar uma babá. Isabelle, uma jovem brasileira criada no Canadá, chega ao Brasil em busca de um recomeço. Fluente em português e determinada a construir sua independência, ela aceita o trabalho como babá na casa de Victor. Mas o que começa como uma relação estritamente profissional logo se torna algo mais complexo. Entre desafios familiares, segredos do passado e uma atração irresistível que cresce a cada dia, Victor e Isabelle precisam enfrentar seus próprios medos e cicatrizes. Será que eles encontrarão no caos das circunstâncias uma nova chance para amar?
Leer másCapítulo 1
Victor Mendonça estava em frente à janela do seu quarto, vestido de forma impecável como sempre. Um suspiro pesado escapou de seus lábios. Tudo em sua vida mudara quando o irmão caçula faleceu de forma abrupta. De um momento para o outro, se viu responsável pela cunhada e pelos sobrinhos. Já não bastava ter perdido os pais, que se foram pela idade avançada. Eles eram sua base, sua razão de seguir em frente. Agora, com 43 anos, ele se sentia mais velho do que realmente era. Algo estava faltando, mas ele não sabia o quê. Afinal, tinha tudo o que o dinheiro podia comprar. — Victor, querido, venha almoçar conosco — disse a cunhada, tocando-lhe o braço com delicadeza. — Sim, claro — ele respondeu, sem demonstrar mais do que um leve sorriso. A vontade de lhe dizer que entrar no seu quarto sem bater não era correto estava ali, mas ele deixou para um outro momento. Tadinha, ela estava sofrendo demais para perceber o quanto a falta de limites também estava desgastando a dinâmica deles. Na sala de jantar, ele a observava, ainda tão abatida. Seus olhos estavam cansados, e o rosto, marcado pela tristeza. Ele se inclinou à frente da mesa e falou com uma voz suave, mas firme: — Você precisa voltar a ser quem era. Volte a se cuidar. Vá ao Pilates, faça suas massagens, volte ao salão. Não pode deixar que tudo a consuma assim. Ela olhou para ele com um olhar vazio, e a expressão de desgosto tomou seu rosto. — E meus filhos? Não tenho quem cuide deles, os empregados mal conseguem dar conta... Victor, vendo a tristeza em seus olhos, suspirou e tomou sua mão sobre a mesa. — Não se preocupe com isso. Eu vou contratar uma babá. Ela sorriu, um sorriso triste e agradecido. — Ah, obrigada, Victor querido — ela disse, apertando a mão dele antes de se recostar na cadeira. Victor sorriu de volta, mas a verdade era que seu sorriso estava vazio. Ele puxou a mão de volta delicadamente e voltou a comer, tentando se concentrar na comida, mas sua mente estava longe. *** Victor entrou em seu escritório, fechando a porta com um suspiro. Sentou-se atrás da mesa e, com a ponta dos dedos, passou por sua tela do computador até encontrar o número que procurava. Seu melhor amigo, Felipe, sempre fora a pessoa a quem ele recorria quando precisava de algo. — Felipe? Tudo bem? — disse ele ao telefone, tentando soar tranquilo. — Preciso de uma ajuda... Estou pensando em contratar uma babá para meus sobrinhos. Você conhece alguém? Do outro lado, a voz de Felipe foi imediata e descontraída. — Claro, cara! Minha prima acabou de chegar ontem do Canadá. Ela é ótima, super responsável. Victor pensou por um momento, antes de responder, com uma leve preocupação. — Embora minha família fale inglês, prefiro manter o idioma local. Acho que seria mais adequado. Felipe riu, sem mostrar qualquer dúvida. — Fica tranquilo, meu amigo. Ela fala português fluente, nem parece que nasceu no Canadá. Você vai gostar dela, tenho certeza. Victor sorriu ligeiramente, aliviado, com a sensação de que sua vida estava prestes a mudar novamente. — Beleza, Felipe. Se você puder mandar o número do telefone, vou entrar em contato com ela. — Claro! Vou te passar os detalhes. Fique tranquilo, vai dar tudo certo. Victor desligou o telefone e olhou pela janela mais uma vez, pensativo. A ideia de trazer uma nova pessoa para dentro de sua casa o deixava inquieto. Mas, por ora, não havia outra opção. Ele precisava de alguém em quem pudesse confiar, para que sua cunhada pudesse ter o espaço necessário para se recuperar de sua perda. Victor recebeu a mensagem de Felipe quase imediatamente com o número de telefone da prima dele. Sem perder tempo, discou e esperou, ouvindo os toques do outro lado da linha. Quando a chamada foi atendida, uma voz suave e educada respondeu: — Alô? — Boa tarde. É Isabelle? — perguntou ele, mantendo seu tom firme e cordial. — Sim, sou eu. Quem fala? — A voz dela era tranquila, com um leve tom de curiosidade. — Meu nome é Victor Mendonça. Felipe, seu primo, me deu o seu contato. Preciso de uma babá para meus sobrinhos, e ele falou muito bem de você. Gostaria de saber se tem interesse no trabalho. Houve uma breve pausa do outro lado. — Ah, claro. Tenho interesse, sim. Pode me contar um pouco mais sobre as crianças e as responsabilidades? Victor ajeitou-se na cadeira, olhando para o monitor do computador à sua frente, onde um lembrete piscava com reuniões marcadas no escritório da empresa. — São dois. Uma menina de sete anos e um menino de cinco. São educados, mas, como qualquer criança, precisam de atenção e disciplina. Minha cunhada está passando por um momento difícil, e preciso que você assuma algumas tarefas básicas com eles: brincadeiras, supervisão de estudos e organização da rotina. Não se preocupe, você terá todo o suporte necessário. Isabelle sorriu do outro lado da linha, a voz dela agora mais calorosa. — Parece ótimo. Eu adoraria ajudar. Victor respirou fundo. Era isso. Ele confiava em Felipe e, sinceramente, precisava resolver a situação o quanto antes. — Excelente. Pode começar amanhã? — Sim, sem problemas. Onde estão localizados? — perguntou Isabelle. Victor forneceu o endereço da mansão, explicando que um motorista estaria disponível para buscá-la, se necessário. — Não precisa se preocupar, eu consigo chegar. Até amanhã, senhor Mendonça. Victor encerrou a chamada e, por um momento, ficou olhando para o celular como se esperasse algo mais. Ele apoiou o aparelho sobre a mesa, recostando-se na cadeira. Um arrepio inesperado percorreu sua espinha, e ele balançou a cabeça, tentando afastar aquela sensação estranha. — Isso é o que dá pensar só em trabalho. Estou enlouquecendo... — murmurou para si mesmo, passando uma mão pelo rosto. Mas, por mais que tentasse ignorar, a voz de Isabelle continuava ecoando em sua mente. Havia algo naquele tom gentil e confiante que o havia desarmado. Ele se levantou, caminhando até a janela do escritório, observando o jardim impecável que se estendia até os muros da mansão. — É só uma babá, Victor. Nada mais. — Ele tentou convencer a si mesmo, mas o desconforto persistia. Ele passou o restante da tarde envolvido em reuniões e e-mails, mas, em intervalos, encontrava-se distraído, lembrando-se daquela breve conversa. Naquela noite, durante o jantar, a cunhada percebeu que ele estava mais quieto que o normal. — Tudo bem, Victor? Parece distante hoje. Ele ergueu os olhos do prato e forçou um sorriso. — Estou bem. Apenas cansado com o trabalho. Ela assentiu, embora parecesse não totalmente convencida. Depois do jantar, enquanto tomava um último café no escritório antes de se recolher, Victor releu as mensagens de Felipe no celular. Sentiu-se ridículo por estar tão inquieto. — Amanhã tudo voltará ao normal. Ela vai começar, as crianças terão alguém para cuidar delas, e pronto. — Ele disse em voz alta, como se tentasse dar fim àquela inquietação. Mas, no fundo, Victor sabia que algo estava diferente.Capítulo 52O vento soprava suavemente no cemitério, fazendo as folhas das árvores balançarem com um som tranquilo. O céu estava limpo, naquela tarde.Victor permaneceu parado diante do túmulo do irmão, com as mãos nos bolsos e um olhar sereno. Ele vinha sempre que podia, mas hoje era especial.— Dez anos, mano… — murmurou, soltando um suspiro longo. — Parece que foi ontem que tudo aconteceu. Que tudo mudou na minha vida.Ele passou a mão pelos cabelos, sentindo um nó na garganta, mas sorriu.— Vou te contar as novidades.Victor respirou fundo e se sentou sobre a grama bem cuidada, mantendo os olhos fixos no nome gravado na lápide.— Seus filhos estão incríveis, cara. Você teria tanto orgulho deles… Sua filha está na faculdade agora, acredita? Parece que foi ontem que eu a pegava no colo. Inteligente, focada, e claro, herdou seu coração gigante.Ele fez uma pausa, deixando a emoção se acomodar antes de continuar.— E o mais novo… Ele está virando um rapaz. Estudioso, educado… Você sem
Capítulo 51A mansão Mendonça estava silenciosa naquela noite. Victor estava sentado ao lado da cama, segurando a mão de Isabelle com carinho. Observava-a repousar tranquilamente, e um sorriso sereno se formou em seus lábios.O pesadelo havia passado. Agora, tudo o que restava era a esperança de um futuro brilhante.Ele deslizou a mão suavemente sobre a barriga dela, sentindo uma onda de emoção tomar conta de seu peito.— Mal posso esperar para conhecer nosso bebê — murmurou, a voz carregada de ternura.Isabelle, ainda sonolenta, entreabriu os olhos e sorriu suavemente.— Ele vai ter o melhor pai do mundo — sussurrou, sua voz doce como uma melodia.Victor sentiu o coração aquecer com aquelas palavras. Ter uma família sempre fora seu maior desejo, mas por muito tempo, pensara que não era possível. Agora, ali estava ele, casado com a mulher que amava e esperando um filho.Ele se inclinou e depositou um beijo delicado na testa de Isabelle, fechando os olhos por um instante.— Obrigado po
Capítulo 50Felipe estacionou o carro na entrada da mansão e desceu, sentindo o cansaço da noite sobre seus ombros. O dia havia sido longo e cheio de tensão, mas agora as coisas começavam a se ajeitar. Ele entrou na casa silenciosamente, encontrando a sala iluminada apenas por algumas luzes suaves.Clara estava sentada no sofá, segurando uma xícara de chá. Ao vê-lo, sorriu de leve.— As crianças dormiram faz pouco tempo. Estavam agitadas, mas consegui acalmá-las.Felipe assentiu, relaxando um pouco.— Obrigado, Clara. Eu precisava garantir que estavam bem.Ela fez um gesto para que ele se sentasse ao lado dela.— Quer um chá? Parece que também precisa relaxar.Ele riu baixo e aceitou. Ela o serviu, ele pegou a xícara e deu um gole, sentindo o calor da bebida aliviar um pouco a tensão.— Você deve estar exausto — ela comentou, observando-o com atenção.Felipe apoiou os cotovelos nos joelhos e passou as mãos pelo rosto.— Nem me fale. Foi um dia complicado, mas pelo menos agora sabemos
Capítulo 49Antes que alguém pudesse reagir, o som de um disparo ecoou pelo local fazendo os pássaros nas árvores próximas voarem. Isabelle arregalou os olhos, sentindo um impacto violento em seu peito antes de seu corpo fraquejar.— NÃO! — Victor gritou, correndo para segurá-la antes que ela caísse no chão.Gritos de desespero tomaram conta do ambiente. Convidados se afastaram em pânico, enquanto os seguranças finalmente imobilizavam Mercedes, que agora ria histericamente, completamente fora de si.— Eu consegui! Matei ela! — ela gritava, como se estivesse celebrando uma vitória.Victor segurou Isabelle nos braços, sentindo sua respiração falha. Seus olhos estavam marejados de dor e desespero.— Fica comigo, amor. Fica comigo! — ele suplicou, pressionando a mão sobre o ferimento na tentativa de conter o sangue que começava a manchar seu vestido branco.Felipe já estava ao telefone, chamando uma ambulância enquanto os seguranças arrastavam Mercedes para fora, seus gritos enlouquecidos
Capítulo 48No mês seguinte, chegou o dia da tão aguardada audiência. O tribunal estava lotado, e a tensão no ar era palpável. Victor compareceu acompanhado de seus advogados, enquanto Mercedes chegou com um olhar altivo, confiante de que poderia escapar impune.As horas passaram lentamente enquanto as evidências eram apresentadas. Os advogados de Victor expuseram cada detalhe do plano sujo de Mercedes para separá-lo de Isabelle, revelando que ela havia drogado a bebida de Isabelle e armado uma armadilha para que parecesse que ela o traía com outro homem. O juiz ouviu atentamente todos os argumentos, analisou as provas e testemunhos, e então tomou sua decisão.Quando a audiência finalmente chegou ao fim, Victor saiu da sala de julgamento com um sorriso satisfeito. Ele respirou fundo, sentindo o peso de semanas de incerteza e tensão se dissipar.Do outro lado do corredor, Mercedes estava furiosa. Seu rosto estava vermelho, e os olhos brilhavam de raiva e desespero. Ela tentou se manter
Capítulo 47Victor se acomodou ao lado dela, apoiando-se em um dos cotovelos, enquanto observava o rosto adormecido de Isabelle. Ela parecia tão exausta que nem sequer se mexeu quando ele puxou o cobertor para cobri-la melhor.Ele franziu a testa, preocupado. Nos últimos dias, ela vinha demonstrando sinais de cansaço incomum. Primeiro o desmaio, agora aquilo…Com delicadeza, afastou uma mecha de cabelo do rosto dela e sussurrou:— O que será que está acontecendo com você, meu amor?Ela soltou um suspiro leve, se virando de lado, mas continuou dormindo profundamente.Victor ficou ali por um tempo, ouvindo sua respiração suave, tentando afastar os pensamentos preocupados. Talvez fosse apenas o estresse do casamento se aproximando. Ou quem sabe a correria da organização estivesse sugando suas energias.Mesmo assim, ele sentiu que precisava fazer algo.No dia seguinte, acordou cedo e, sem fazer barulho, pegou o celular e mandou uma mensagem para o médico da família."Doutor, preciso marca
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