O relógio antigo marcava o tempo com um tique-taque pesado, o som de cada segundo cortando o silêncio sufocante da sala.

O fogo da lareira tremeluzia baixo, lançando sombras que dançavam pelas paredes cobertas de painéis de madeira escura, como se os próprios elementos da casa estivessem cientes do peso da conversa que ali se desenrolava.

O ambiente exalava riqueza e corrupção, como se cada móvel daquela casa soubesse dos segredos que ali se tramavam, testemunhas silenciosas de um passado manchado.

Philipe Collins estava de pé diante do fogo, o rosto meio iluminado, meio engolido pela penumbra, em um contraste que espelhava seu estado interior.

Vestia um terno cinza de corte impecável, mas o olhar era o de um predador encurralado, observando suas presas com um misto de desprezo e necessidade.

O pai e a mãe adotivos de Charlotte — agora cúmplices e temerosos — o observavam de pé, imóveis, como quem encara o próprio destino, aprisionados en