Olhei para aqueles dois diante de mim, ainda tentando sustentar o orgulho. Minhas palavras saíram firmes, como um veredito:
— Vocês precisam ter consciência de uma coisa. Eu só aceitei esse casamento porque precisava receber o fundo fiduciário da minha irmã. Se fosse apenas por conveniência, poderia ter me casado com qualquer outra mulher. Mas jamais teria forçado Charlotte a nada.
Respirei fundo e encarei-os nos olhos:
— Apesar de não ter sentimentos por ela de homem para mulher, aprendi a admirar sua resiliência. Porque, por gratidão a vocês, ela obedeceu. Já pararam para pensar no quanto essa jovem perdeu? Aos sete anos, viu os pais morrerem e foi arrancada da única irmã que tinha. Caiu nos braços de vocês, que lhe deram luxo, escolas, joias, roupas… mas não o que realmente importava. Amor fraternal. Carinho verdadeiro. O que vocês ofereceram a ela foi apenas ostentação. Charlotte não foi filha: foi um troféu. Uma moeda de troca.
O si