Mundo de ficçãoIniciar sessãoO silêncio no saguão da empresa parecia palpitar quando Damian finalmente encontrou sua voz. —Diante de Yasmin, uma mulher com roupas modestas, ele vislumbrou uma cena incomum: duas crianças, que claramente não pertenciam a aquele ambiente corporativo — e muito menos a ela. — Eram dois recém-nascidos, cuidadosamente envoltos em mantas luxuosas, adornadas com detalhes apenas acessíveis a famílias extremamente ricas. — O choque paralisou seu corpo.
— Quem entregou essas crianças a você? — Damian indagou, mantendo um tom firme, embora a confusão em seu olhar fosse inegável. Yasmin engoliu em seco; seus braços tremiam, mas ela segurava os bebês com extremo cuidado, como se temesse que qualquer movimento brusco pudesse machucar aquelas vidas diminutas, que não deveriam estar em seus braços. — Senhor… — ela começou, esforçando-se para articular as palavras. — Eu estava lá fora, vendendo minhas flores, quando duas mulheres se aproximaram rapidamente. Elas me entregaram os bebês e disseram que eu precisava entregá-los ao dono da empresa antes de desaparecerem. Fiquei apavorada. Ela olhou para os pequenos novamente, tentando ainda processar a absurdidade da situação. — Vi que eram muito pequenos... acho que recém-nascidos mesmo — continuou, a voz embargada. — E estavam chorando... não consegui simplesmente deixá-los ali. Ela respirou fundo e completou: — Veja as roupas delas, senhor. São de luxo. Tudo aqui tem muito valor. — Não são crianças abandonadas por falta de recursos… isso foi cuidadosamente planejado. — Acredito que haja algum tipo de correspondência entre as mantas, um bilhete... algo que explique essa situação. — Eu só vim entregar, não sabia o que mais fazer, senhor. Damian passou a mão pelos cabelos e respirou fundo. — Por um breve momento, todo o ambiente corporativo, o mármore, o vidro, a equipe em silêncio desapareceu. — O que restou foi a pergunta que ardia dentro dele: — quem faria isso, e por quê? Ele se virou para Yasmin, notando o medo genuíno em seus olhos e a forma como ela instintivamente protegia as crianças. — Uma mulher que não lhe devia nada... mas que ali estava, tremendo, sem tentar escapar. — Havia algo profundamente errado naquela entrega; e, ainda assim, tudo parecia estranhamente inevitável. “A vida tem suas próprias regras,” refletiu, sentindo um peso imenso em seus ombros. — Me dê uma delas — disse Damian, em um tom baixo, excessivamente controlado para disfarçar o pânico que ameaçava transbordar. — Yasmin hesitou, o instinto de proteção prevalecendo, mas, por fim, entregou uma das crianças em seus braços. Foi nesse instante que Damian compreendeu que aquele choque… era apenas o começo. — Assim que os bebês começaram a chorar em uníssono, ele percebeu que, entre as mantas, havia um bilhete. — No papel estava escrito: “Damian, são suas filhas. Meu marido não as quis. — Cuide delas, nasceram há dois dias. Seguem os documentos para que você possa registrá-las; por favor, coloque 'mãe desconhecida'. — Sou casada com um Sheik, e o nome dele não pode aparecer.” Sabine havia ultrapassado todos os limites; agora, o estrago estava feito, e a realidade se tornava insuportável, maldita! O silêncio opressivo no saguão parecia amplificar a gravidade da situação a cada segundo que passava. Yasmin, envolta em uma teia de nervosismo e urgência, suportava o peso dos olhares penetrantes dos executivos presentes, todos inconscientemente tornando-se espectadores de um drama impensável. — Era como se o tempo tivesse parado; os relógios nos muros brancos e frios da empresa marcavam cada instante de tensão em vão. —Damian, por sua vez, sentia a pressão crescente em seu peito, como se um vazio se formasse ali, um espaço que ecoava com perguntas sem respostas. A ideia de que aquelas crianças, frágeis e indefesas, foram deixadas em suas mãos revolviam seu estômago. — Cada batimento do seu coração ressoava como um lembrete cruel de que ele precisava agir; a responsabilidade agora estava em suas mãos. — Damian piscou, tentando clarear a mente enquanto Yasmin falava, sua voz cada vez mais abafada pela emoção. Ele a observava com mais atenção, percebendo que sua postura, embora imbuída de medo, transparecia uma determinação silenciosa. — Havia algo mais profundo na forma como ela segurava os bebês, um instinto materno que ela mesma não parecia entender, refletindo um desejo profundo de proteger aquelas vidas pequenas a qualquer custo. — Ela não apenas entregara os bebês; estava lhes oferecendo um fio de esperança em uma situação que parecia desmoronar. Se as mantas finas eram sinônimo de riqueza, havia uma fragilidade por trás da opulência que agora clamava por atenção e compreensão. Com um suspiro profundo que parecia originar-se de uma junção de raiva e desespero, Damian silenciosamente fez sua escolha. — Ele não sabia o que o futuro reservava, mas compreendia que não poderia ignorar aquele presságio. — As crianças clamando em seus braços, de repente, deixaram de ser estranhas e tornaram-se parte dele, criando um vínculo inegável. — Enquanto suas mãos trêmulas seguravam o bilhete, ele leu a mensagem reveladora e percebeu que o mundo como o conhecia começou a se fragmentar em pedaços. — Forçado a unir os cacos de sua vida, ele enfrentava uma nova e assustadora realidade. Sabine havia cruzado um limite que nenhum deles poderia imaginar, e agora Damian se via diante de um abismo de perguntas sem fim, confrontando a inevitabilidade de um futuro que não escolheu, maldita!






