Capítulo 34
A mulher terminou de ler a carta com as mãos trêmulas. O silêncio que se seguiu foi pesado, como se o ar tivesse sido arrancado da sala. Ela olhou para Maria, depois para o envelope, como se esperasse que as palavras desaparecessem dali.
— Ela... foi embora? — murmurou, mais para si mesma do que para a empregada.
Maria apenas assentiu, com o olhar baixo.
A mulher se levantou da mesa, deixando o prato intacto. Caminhou até o corredor, como quem procura algo que não está mais ali. Abriu a porta do quarto de Dalila, olhou para a cama arrumada, o armário entreaberto, e sentiu um vazio que não sabia nomear.
— Ela não pode ter ido longe... — disse, tentando se convencer.
Mas, no fundo, sabia. Sabia que Dalila não era mais a menina obediente que aceitava tudo em silêncio. Sabia que aquela carta era um grito — e que ela mesma havia ignorado os sussurros por tempo demais.
No canto da sala, o pai de Dalila apareceu, lendo a carta com o cenho franzido. Não disse nada. Apenas s