POV Isadora Ferraz
O dia seguiu. Um café rápido antes de entrar na editora, Dante me deixou na porta com um beijo leve e um “boa sorte” sussurrado como um feitiço. A recepcionista me olhou como se eu fosse feita de vidro e talvez eu fosse mesmo, mas de um tipo de vidro que reflete em vez de quebrar.
Subi. Respirei fundo. Encarei o corredor como quem encara uma arena.
Alguns colegas desviaram o olhar. Outros sorriram com gentileza. Mas ninguém comentou nada, nem sobre os vídeos, nem sobre o acidente, nem sobre o burburinho da mídia que ainda pairava feito fumaça. Um silêncio estranho, quase cúmplice. Como se todos soubessem que eu estava de volta, e que não se brinca com quem sobreviveu à própria queda.
Na minha sala, a mesa estava do mesmo jeito que deixei. Um café frio. Algumas folhas impressas. Uma caneta com a tampa mastigada. Tudo comum, quase banal.
Sentei. Liguei o computador. Deixei que o som do teclado me ancorasse de novo.
Mas nem cinco minutos depois, Olívia entrou.
— Como