POV Isadora Ferraz
Fechei o notebook com tanta força que quase quebrei a tela. Joguei ele na poltrona, andei de um lado pro outro como um animal enjaulado. O coração ainda martelava na garganta.
Então... TOC, TOC.
Eu congelei. O som na porta do meu quarto. Baixo. Persistente.
— Isa... — a voz. O veneno. O lodo. Rafael.
Segurei a respiração.
— Posso entrar? — ele insistiu, mas a pergunta era falsa. Ele já estava girando a maçaneta.
A porta abriu devagar. Ele entrou, encostou, fechou atrás de si. Meu estômago virou ácido.
— Que cara é essa? — ele perguntou, andando pelo quarto como se fosse dele. — Te peguei no flagra? Alguma coisa te deixou... nervosa?
— Sai daqui. — Minha voz saiu gelada, mas calma. Quase como um sussurro de faca.
Ele sorriu. Deu mais um passo. Passou o dedo na escrivaninha. Olhou minhas roupas espalhadas. Cheirou o ar.
— Tá diferente aqui. — Ele aproximou. — Você está diferente.
— Eu disse... sai daqui.
Ele chegou tão perto que senti o cheiro nojento de uísque velho