Capítulo 183 — Não era a mim que ele via. 
Pov Leyla Torres Montenegro
O silêncio é pior que o barulho. Pior que o grito, pior que o som da respiração ofegante, pior que o bater frenético do coração. O silêncio… o silêncio vem depois. E o depois é sempre o que mais dói.
Heitor adormeceu como se nada tivesse acontecido. O corpo dele ainda estava ali, quente, o braço pesado sobre a minha cintura, o cheiro do whisky misturado ao suor. Mas ele dormia. Como se o mundo inteiro não tivesse acabado há poucos minutos.
Eu fiquei imóvel. Não por medo, nem por prazer, nem por conforto. Fiquei porque não sabia o que fazer. Meu corpo não me pertencia. Meu corpo parecia um campo de batalha depois da guerra, o chão revirado, o ar denso de fumaça, e nada além de eco e caos.
Demorei a respirar fundo. Cada vez que o fazia, algo dentro de mim se contraía. Meu peito queimava, e o nó na garganta parecia querer me sufocar. Acho que parte de mim esperava que ele acordasse, dissesse algo, qualquer coisa, uma palavra, um pedido de desculpas, uma justi