POV Isadora
O quarto do hotel estava envolto em uma penumbra suave, dourada pelas luzes da cidade que atravessavam a cortina entreaberta. O ruído distante do trânsito era como uma melodia abafada, que não conseguia romper a bolha de calma que Dante havia construído ao nosso redor.
Sofia dormia no berço portátil, entregue a sonhos inocentes, e eu me sentia como se estivesse flutuando entre a exaustão e algo que há muito não sentia: paz.
Ele estava sentado na poltrona, de camisa social aberta, o rosto cansado e os olhos baixos. A imagem me desarmou. Não era o homem impassível das últimas semanas. Não era o marido distante que se perdera entre prazos, reuniões e obrigações.
Era Dante, o meu Dante, o homem que me fazia rir até chorar, que sabia o jeito exato de me abraçar quando o mundo parecia desabar.
— Você não precisava ter feito tudo isso — murmurei, quebrando o silêncio.
Ele ergueu o olhar e um sorriso quase tímido apareceu nos lábios.
— Eu precisava, sim. — A voz saiu baixa, firm