POV Heitor
O quarto do hotel estava escuro, as cortinas pesadas bloqueando qualquer sinal da manhã que nascia lá fora. Eu gostava assim, abafado, silencioso, invisível. Era exatamente isso que eu havia tentado ser nos últimos meses: invisível.
Mas a invisibilidade cobra um preço.
Minha barba já crescia sem forma, o cabelo passava da altura que eu sempre mantive, e o reflexo que me encarava no espelho do banheiro parecia o de um estranho. Eu havia trocado carros, roupas, até o meu nome em certos lugares, tudo para apagar rastros. E, ainda assim, algo me perseguia: a sensação de que o mundo continuava girando sem mim.
Eu tinha me convencido de que era melhor assim. Melhor para Isa, melhor para mim. Um afastamento necessário, um castigo autoimposto.
Até hoje.
Peguei o celular velho que usava apenas para acessar a internet e checar notícias gerais. Um hábito tolo, mas era minha única conexão com o que restava do mundo. Abri o portal de fofocas quase no automático, esperando ver apenas esc