(ARIELLE POV)O resto do dia passou como um borrão indistinto de emoções. Jared voltou da ligação e passamos um tempo conversando, colocando o papo em dia sobre tudo, menos a cúpula que se aproximava. Liguei para minha mãe e para Maverick quando fui para o meu quarto, e o som da voz alegre do meu filho me encheu de tanto calor e amor.A felicidade dele era contagiante, e eu desejei mais do que tudo que a cúpula fosse um sucesso para que eu pudesse me recuperar e voltar a ser a mãe que eu queria ser para ele.Depois que Maverick foi dispensado, minha mãe tentou me dissuadir, sua voz cheia de preocupação.— Arielle, você tem certeza disso? Ainda não é tarde demais para mudar de ideia — implorou ela.— Mãe, minha decisão está tomada — insisti, com a voz firme, mas gentil. — Isso é algo que eu preciso fazer.— Mas os riscos… — ela começou, a voz sumindo.— Eu conheço os riscos — interrompi —, mas também conheço os possíveis resultados. Por favor, só confia em mim nisso. — E quando ela come
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)O salão permaneceu em silêncio sepulcral, e cada olhar se fixava no casal cuja expressão irradiava gratidão solene. Senti-me tomada por um silêncio que me impedia de articular palavras, e as lágrimas escorriam quentes pelas minhas bochechas, carregadas de emoção e da esperança de que aquele procedimento deles me garantisse a cura que tanto ansiava.Talvez por ter concebido salvar o garoto apenas como um pensamento intrusivo, um gesto que pratiquei sem refletir profundamente ou cogitar qualquer benefício pessoal, tudo o que se apresentava diante de mim me envolvia numa sensação de profunda humildade.— Eu… não sei o que dizer. — Finalmente encontrei coragens para falar.Ellen sorriu com a expressão de quem conhecia a angústia de quase perder um filho. — Você não precisa dizer nada, Arielle. Só precisamos, é claro, do seu consentimento. Basta pronunciar as palavras. — A voz dela encerrou-se num sussurro de incerteza, como se ponderasse a hipótese de eu recusa
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)Algumas doses depois, o ambiente ao nosso redor se tornara mais leve. Ríamos de uma piada boba que ele fizera e, embora eu mal recordasse as palavras exatas, ri tanto que minhas entranhas latejavam de dor.— Acho que meus intestinos acabaram de explodir por dentro. — Brinquei. E nós caímos em outra rodada de risadas.Olhei ao redor com um fio de lucidez, a fim de confirmar que não incomodávamos os demais clientes.— Será que estamos muito barulhentos? — Sussurrei para Jared.— Hein? Você acha? — Ele replicou em voz alta, como se conversasse com quem estivesse na porta do bar.Então compreendi a situação.— Você está bêbado e muito engraçado. — Balanceei a cabeça, sorrindo.— Mas você também está bêbada. — Jared apontou, e nós gargalhamos de novo.Enquanto nossas risadas ecoavam, ele recuperou um resquício de sobriedade e se preparou para mais uma piada.— Sabe… quando estávamos lá na cúpula, né? Eu disse algo… Mas o que foi mesmo? Poxa, não consigo me lembra
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)Despertei do sono. Senti o calor do corpo nu de Jared contra o meu e soube, sem margem de dúvida, que tudo o que acontecera na noite anterior era real, não fruto de um sonho. Em algum momento, Jared e eu fomos até a piscina de borda infinita e, mais tarde, fizemos amor à beira d’água. Devíamos ter deixado a porta entreaberta, pois a cortina transparente dançava ao sabor da brisa e o céu ainda se mantinha escuro, embora o amanhecer já se insinuasse no horizonte.Lentamente, A verdade sobre as minhas escolhas caiu sobre mim como um martelo no peito. Em meio a um turbilhão de emoções conflitantes, o arrependimento e a confusão sobressaíram. Ali estava eu, sem roupas na cama de Jared Smith, depois de todo o tempo que passara tentando me proteger. Senti raiva de mim mesma por permitir aquilo. Vireime devagar para o encarar. Ele ainda dormia, com o rosto relaxado num sorriso suave. A mão dele deslizou pelo meu braço e puxoume para mais perto. Fechei os olhos rapi
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)O procedimento começou com alguns testes preliminares – exames de sangue, raiosX e demais avaliações. Do outro lado da divisória de vidro, eu via o contorno de Jared andando de um lado para o outro, visivelmente ansioso. Uma pontada de culpa me atingiu ao lembrar da forma como o tratei mais cedo.— Precisamos colocar seu corpo em completo repouso para a parte principal deste procedimento, Srta. Meyers. Está pronta? — Perguntou Dra. Ellen com um sorriso acolhedor.Assenti, e ao voltar o olhar para o vidro, encontrei Jared me observando, os olhos cheios de preocupação genuína.— Pode me fazer um favor? — Pedi, sem pensar.— Qualquer coisa. — Respondeu Dr. Julian com gentileza.— Quero que todos que não sejam essenciais a este procedimento sejam dispensados imediatamente. Por favor. — Solicitei firme.Eles trocaram um breve olhar antes de concordar.— Claro. — Disse Ellen, dirigindose à porta.Pelo vidro, via cochichar algo no ouvido de Jared, cujo semblante se
(PONTO DE VISTA DE JARED)Era tudo o que eu conseguia pensar durante grande parte do dia. E eu temia que isso a incomodasse um pouco também. Não ajudava nem um pouco que ela tivesse construído um muro entre nós, me afastando sempre que tentava tocar no assunto. Claro, eu sabia que isso tinha a ver com o que acontecera na noite anterior – nossa aventura selvagem. Eu poderia até ter imaginado que ela estava chateada por causa das coisas que eu fiz no passado. Mas eu não me arrependia. Não mesmo.Mesmo no presente, enquanto eu dirigia o carro em direção ao laboratório, não conseguia apagar da memória os detalhes da noite anterior.Se ao menos ela tivesse deixado a gente conversar sobre isso, pensei frustrado, enquanto desligava o motor no estacionamento. Eu saí do prédio mais cedo, relutante, a pedido de Arielle. Por que ela não me deixou falar sobre isso desde o começo?Soltei um suspiro e levantei os olhos para a entrada. Por um breve momento, considerei a possibilidade de que ela não q
(Do ponto de vista de Arielle)O aroma do jantar espalhava-se pelo ambiente, enquanto eu mantinha meus olhos fixos em meu marido, Jared. Seu cabelo escuro caía perfeitamente, emoldurando o nariz reto e a mandíbula marcada. Mesmo em roupas casuais, ele tinha uma presença inegável —ombros largos, um peito esculpido. Parecia ter saído de uma revista, mas ali estava ele, comigo.Era nosso aniversário, e, para comemorar, eu havia sugerido um jantar em casa, apenas nós dois.Apesar de seu habitual comportamento reservado, Jared tinha reservado um tempo em sua agenda de trabalho sempre cheia, algo que considerei adorável. Especialmente quando ele me olhava com aqueles olhos intensos, era difícil continuar irritada.Escolhi sentar-me de frente para ele, em vez da posição habitual ao seu lado, porque queria observar todas as suas reações quando finalmente lhe contasse a grande notícia.Veja bem, descobri ontem, no consultório do médico da família, que estou grávida. Guardei a notícia para
Ponto de Vista de ArielleBem, que surpresa!Pisquei várias vezes para ter certeza de que não estava vendo errado. Meus olhos se arregalaram de choque, minha mente tentando processar a cena diante de mim. Meu marido, Jared, estava ao lado de outra mulher, uma mulher grávida que afirmava ser sua esposa, em um restaurante onde eu trabalhava.As palavras da mulher mais cedo reverberavam nos meus ouvidos: “Meu marido vai fazer você ser demitida!” Meu coração disparou, a respiração ficou subitamente difícil.Senti como se tivesse acabado de levar um soco no estômago. Dei um passo à frente, minha voz rouca e quase um sussurro: — Jared?Jared encontrou meu olhar, sua compostura inabalável. — Oi, Arielle. — Disse ele em um tom casual, como se ser visto no restaurante em que sua esposa trabalhava, ao lado de outra mulher que afirmava ser sua esposa, fosse algo normal.Meus olhos se estreitaram, esperando que ele me desse uma explicação.Antes que Jared pudesse responder, Sofia deu um