CAPÍTULO 11 — A CAMINHO DO NOVO MUNDOO despertador tocou às seis, mas Ana Clara já estava acordada. Quase não dormiu. Não por medo — mas por uma sensação estranha e intensa de que algo estava prestes a mudar… de verdade.Ela se levantou devagar, arrumou o cabelo, vestiu uma calça confortável e uma blusa simples. Era o tipo de roupa que sempre usava, mas naquele dia parecia despreparada para a grandiosidade que a aguardava. Mesmo assim, era tudo o que tinha.Às sete e cinquenta, um carro preto estacionou em frente ao portão da pequena pousada.William nunca se atrasava.Ana Clara pegou a mala pequena e respirou fundo. Quando desceu, encontrou William do lado de fora do carro, conversando com a ex cuidadoras do orfanato. Ele estava com a postura impecável de sempre, porém com o rosto mais suave do que o usual. Talvez fosse a luz da manhã. Talvez fosse o fato de ele estar com o filho no banco de trás, sorrindo ao vê-la.— Ana! — Theo chamou animado, batendo as mãos no vidro.Ela sorriu,

CAPÍTULO 13 — TOUR PELA MANSÃOWILLIAMEu não tinha a intenção de mostrar a casa a ela. Não era parte do meu trabalho nem da rotina. Mas quando Ana Clara disse que podia conhecer tudo sozinha, alguma coisa em mim reagiu… errado.Incompreensivelmente errado.Eu me ouvi dizendo “eu mostro”, e só percebi depois que já estava caminhando pelo corredor, esperando que ela me acompanhasse.O som dos passos dela — leves, cuidadosos — ecoava atrás de mim.Era diferente de todo mundo que anda nesses corredores.Normalmente, soam seguros demais, ou interessados demais, ou impressionados demais.Ana… não.Ela olhava tudo com uma mistura de curiosidade e receio. Como quem tem medo de tocar um cristal e quebrar sem querer.— Esta é a sala de leitura. — abri a porta.Ela parou na entrada, olhando para as paredes cheias de livros.— Parece… de filme — murmurou.— É só uma sala.Ela sorriu de canto, como se não acreditasse. E eu senti — literalmente — o peito afrouxar um pouco com aquele sorriso.Ridíc

✨ CAPÍTULO 15 – OLHARES QUE QUEIMAM (William & Ana Clara)WILLIAMEu não deveria estar aqui.Eu sei disso no momento exato em que minhas mãos seguram a xícara de café perfeita que ela preparou. O aroma é idêntico ao que eu tomo desde sempre — forte, quente, equilibrado — mas o cheiro parece diferente vindo das mãos dela.Mais… vivo.Entro na cozinha em silêncio, como sempre faço, mas desta vez encontro Ana Clara sozinha. Theo ainda dorme, os funcionários estão espalhados pela enorme casa, e ela está ali… de costas para mim, presa em um raio de sol que invade a janela como se tivesse sido colocado ali de propósito.— Bom dia, senhor Davis — ela diz sem me olhar, mas a voz entrega que ela percebeu minha presença no mesmo instante.Eu me pergunto como ela faz isso — como ela sempre me percebe antes de qualquer um.— William — corrijo, mais seco do que pretendia.Ela se vira devagar. Os cabelos presos num coque apressado, mechas soltas caindo pelo rosto. Uma camiseta simples, jeans. Nada

📘 CAPÍTULO 17 — ENTRE PORTAS FECHADAS E VERDADES QUE ECOAM Narrado por Ana A manhã estava calma demais, o tipo de calmaria que sempre engana. William saiu cedo, apressado, com os passos firmes e a gravata perfeitamente alinhada. A porta mal tinha se fechado quando ouvi uma vibração insistente na mesa da cozinha. Era o celular dele. — Ana… o telefone do papai ficou aqui — avisou Téo, segurando o aparelho como se fosse uma coisa séria demais para a idade dele. Suspirei. — Vamos avisar quando ele mandar mensagem — tentei evitar problemas. Mas Téo cruzou os braços, já irritado, como sempre fazia quando estava decidido. — Não dá. Ele precisa disso. A gente precisa levar. — Téo, eu nem sei onde eu deveria ir lá dentro… — confessei. — O motorista leva. E eu sei! Eu lembro o caminho! — ele insistiu, determinado. Ele não ia desistir. E eu não suportava a ideia de William passando o dia sem o celular, ainda mais sabendo que o coração dele vinha batendo mais forte sempre que o assun

CAPÍTULO 19 — O QUE ELE NÃO CONSEGUIA NOMEARNarrado por William e Ana ---WILLIAMEu passei o resto do dia de trabalho tentando ignorar o incômodo que tinha se instalado dentro de mim. A imagem de Ana na recepção, protegendo Téo como se ele fosse o que ela tinha de mais precioso, continuava voltando à minha cabeça como um filme mal cortado. Eu nunca tinha visto alguém entrar na minha empresa daquele jeito — sem arrogância, sem medo… mas com uma determinação que me desmontou.E eu não gosto de coisas que me desmontam.Quando cheguei em casa, encontrei o corredor principal iluminado por uma luz quente. Ouvi risadinhas vindas da sala de brinquedos. Meu instinto — ou o hábito — me fez ir até lá.E lá estavam eles.Téo sentado no tapete, rodeado por carrinhos, e Ana ao lado, ajudando-o a montar uma pista improvisada. Era uma cena simples… mas alguma coisa nela fez meu peito apertar.— Papai! — Téo me chamou, animado. — A Ana fez um looping! Olha!Ana corou levemente, desviando os olhos