LÉLIA Dois dias após enviar meus currículos para várias agências especializadas em babás, preparei-me para o silêncio absoluto. —A rejeição é dolorosa, mesmo quando invisível. Mas, naquele fim de tarde, enquanto organizava os armários do pequeno apartamento, repleto de memórias e cheios de objetos que até pareciam contar histórias, meu celular vibrou com um número desconhecido. — Boa tarde, fala a senhorita Lélia Seimor Stewart? — a voz firme e educada do outro lado teve um sotaque sutil que não consegui identificar de imediato, algo característico de pessoas que vivem à margem de culturas. — Sim, sou eu. — Meu nome é Yuko, sou governanta da residência do senhor Morgan Alpert, recebemos seu currículo pela agência e gostaríamos de conversar com hoje? — Meu coração, acelerou e depois se perdeu em uma mistura tumultuada de medo e alívio. — Tenho, sim — respondi, esforçando-me para não parecer desesperada, pois esta era, sem dúvida, a minha primeira oportunidade concreta de traba
Ler mais