####CAPITULO 5

LÉLIA COLOCA LOUISE PARA DORMIR (VERSÃO APRIMORADA)

Acompanhei Louise até o quarto enquanto ela andava pulando de um tapete para o outro, como se cada passo precisasse transformar o chão em pequenas ilhas de fantasia. O quarto dela era iluminado por uma luz amarelada e suave, que deixava tudo com um ar acolhedor — como se aquele espaço tivesse sido construído para proteger a fragilidade daquela menina.

O cheiro leve de lavanda vinha do difusor ao lado da cama, misturado ao perfume infantil da espuma de banho que ela usara minutos antes. Era aconchegante… reconfortante.

Louise subiu na cama com o cuidado de quem já se acostumou a viver num mundo onde tudo pode quebrar facilmente — inclusive pessoas. Ela puxou o cobertor para perto do rosto e abraçou a bonequinha Bárbara com ternura.

— Tia… você vai contar a história? — ela perguntou, baixinho, como se o pedido pudesse ser negado a qualquer momento.

Sentei-me na beira da cama e abri o livro escolhido por ela. A capa mostrava uma princesa com vestido azul, mas, mesmo antes de começar, ela já encostava a cabeça no meu braço como se buscasse segurança.

A voz saiu de mim mais doce do que eu lembrava ser capaz:

— Era uma vez uma menina que achava que o mundo não tinha espaço para ela. Mas, um dia… ela descobriu que o seu coração brilhava mais do que todas as estrelas juntas…

Enquanto eu lia, ela suspirava devagar, os olhos piscando com aquela luta infantil entre o sono e a vontade de continuar ouvindo. Seus dedos pequenos acariciavam a borda do cobertor, e era quase possível sentir o medo que ela escondia — medo de perder, medo de ser deixada, medo de não ser amada.

E eu senti, no fundo da alma, que não queria que ela se sentisse sozinha nunca mais.

A porta se abriu com cuidado.

O pai dela apareceu, apoiado na lateral, com uma expressão cansada, mas iluminada por um carinho que ele tentava esconder.

— Tudo bem, meu anjo? — ele disse, aproximando-se devagar.

Louise sorriu, um sorriso tímido, mas genuíno.

— Boa noite, papai…

Ele tocou de leve a testa dela, num gesto que entregava mais amor do que qualquer palavra que já vi sair da boca de um adulto.

Quando ele se afastou um pouco, ela virou o rosto para mim:

— Até amanhã, tia… você pode me dar um beijo?

O pedido dela entrou em mim como uma flecha quente — direto no centro do peito. Eu me abaixei, toquei a bochechinha dela com um beijo leve e respondi:

— Até amanhã, meu amor. Boa noite.

Saímos do quarto juntos e só fechamos a porta quando ouvimos o suspiro dela se misturando ao silêncio.

No corredor, ele respirou fundo antes de se virar totalmente para mim. O olhar dele estava mais sério, mais atento — e mais esperançoso também.

— Você poderia chegar amanhã… pelo menos antes das sete? — ele perguntou, ajustando a manga da camisa — Eu vou mandar o motorista te buscar. Ela tem que estar na creche às oito. E… ela vai querer você aqui quando acordar.

Assenti em silêncio, mas ele continuou:

— Eu nunca vi a minha filha se aproximar de alguém como ela se aproximou de você. — Ele passou a mão pelos cabelos, como quem tenta organizar pensamentos — Ela só deixa a Yuko chegar perto. E mesmo assim… não é muito. Louise só interage… com o chá. Ela só convida para o chá. E sempre só eu e a boneca. Hoje… ela convidou você.

A voz dele tremeu um pouco.

Aquilo me tocou profundamente.

— Nas terças e quintas — ele prosseguiu — ela tem psicóloga e fonoaudióloga. Você vai com o motorista buscá-la na creche, levar e depois voltar com ela para casa.

Ele respirou fundo antes de dizer o que veio em seguida:

— O seu salário será de seis mil dólares por mês.

Mas eu preciso de alguém que seja… a sombra da minha filha.

Ela precisa de constância. Ela precisa de vínculo.

Eu engoli seco. Era muito dinheiro. Mas o peso da responsabilidade era muito maior.

— A mãe dela… — ele continuou, com a mandíbula dura — me entregou a guarda total. Você não precisa se preocupar com litígio. Ela não vai aparecer. Ela mora na Inglaterra com o marido novo.

Eu apenas permaneci em silêncio. Porque não havia nada que eu pudesse dizer que coubesse naquele momento.

— Amanhã eu volto para a empresa — ele completou — mas qualquer coisa, fale com a Yuko. Ela me liga. Tenho certeza de que vai dar tudo certo.

Eu inspirei fundo, com o coração aquecido por uma decisão que ainda nem tinha tomado, mas que já pulsava em mim desde a primeira vez que Louise me abraçou.

— Vai dar sim, senhor — respondi, firme — Se depender de mim, eu vou tratar muito bem da sua filha.

O olhar dele suavizou.

E pela primeira vez… ele pareceu acreditar que talvez a vida dele pudesse melhorar um pouco.

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