####CAPITULO 4

Sentei-me ao lado de Louise, permitindo que o peso do meu corpo se acomodasse suavemente no tapete macio que cobria quase todo o escritório.

— A textura agradavelmente suave seduziu meus dedos, como se o chão se esforçasse para me receber.

— A pequena estava a poucos passos de mim, entretendo-se com sua bonequinha Bárbara enquanto equilibrava xícaras minúsculas em uma bandeja cor-de-rosa. — O aroma doce do chazinho imaginário parecia dançar no ar, mesmo sabendo que tudo era parte de sua fantasia infantil.

— Aquela cena simples tinha um frescor tão puro que, por um instante, quase consegui sentir o perfume de hortelã e açúcar.

— Bárbara… — escutei sua vozinha suave, como se estivesse compartilhando um segredo com a boneca — essa é a nossa nova babá.

— Temos que ser boazinhas com ela, não é, papai? Levantei os olhos e encontrei Louise, que observava tudo de sua mesa.

— Seu semblante exibia tranquilidade, mas havia sempre uma sombra de melancolia em seu olhar, como se uma parte dele estivesse quebrada e silenciosa.

— Sim, meu amor — respondeu ele com ternura, sem desviar o foco do trabalho — você deve ser boazinha e obediente, assim como faz com o papai.

— A menina então virou-se para mim, e seus olhos azuis, grandes e profundos, pareciam conter todo o universo, avaliando-me por alguns segundos, enquanto tentava decidir se eu fazia parte do seu mundo.

— Você… vai ser boazinha comigo? — a voz dela hesitou levemente — porque a minha mamãe… não era boazinha comigo.

— Meu coração apertou de forma quase dolorosa.

— Suas palavras estavam carregadas de uma vulnerabilidade rara em uma criança tão pequena.

— Por um momento, minhas mãos ficaram frias, e precisei respirar profundamente antes de sorrir, tentando transmitir segurança e conforto.

— Inclinei-me um pouco para frente, aproximando meu rosto do dela, e deixei que minha voz saísse com toda a doçura que eu poderia oferecer, como se cada palavra pudesse envolver aquele momento em um abraço caloroso.

— Claro que vou, meu anjo, sempre, ela piscou devagar, absorvendo carinho pela primeira vez, um gesto tão sutil, mas significativo, que transmitia um brilho de esperança em seus olhos.

— Você vai brincar comigo, tomar chá e me levar à escola? — Eu posso te levar e buscar na escola, sim — respondi, enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha, observando-a apertar a boneca contra o peito, como se fosse a âncora de um mundo seguro.

— Mas ficar na sala com você eu não posso, porque esse é o seu momento de aprender com as outras crianças, e você é muito inteligente, sabia?

— O brilho nos olhos dela ao receber meu elogio fez meu coração derreter; havia algo tão puro na alegria dela que era contagiante.

Ela ponderou minha resposta em silêncio por um momento e então sorriu — um sorriso que parecia trazer segurança.

— Tá bom… Na escola é legal. Aproveitei sua boa disposição e disse, de forma leve: — Acho que já está quase na hora de você e a Bárbara tomarem banho, não é? — Daqui a pouco é hora do jantar e de escovar os dentinhos.

— Louise me observava atentamente, detalhando cada momento da interação, como se tentasse entender por que sua filha reagia a mim de um jeito que não fazia com mais ninguém, buscando respostas para as lacunas que a vida havia deixado em ambos.

A menina segurou levemente a barra da minha blusa e perguntou: — Você vai contar uma história de princesa pra mim hoje? — Vou sim — prometi — a que você escolher. — Ela abraçou Bárbara com força, como se estivesse agarrando a esperança, uma esperança que eu desejava poder nutrir e proteger.

— Papai, eu vou tomar banho. Depois você vai me dar boa noite? — Claro, meu bem — respondeu ele — o papai já vai.

— Então, ela se virou para mim, com uma sinceridade que só uma criança muito ferida pode ter, sua fragilidade quase palpável no ar.

— Amanhã… você vai estar aqui quando eu acordar?

— Toquei delicadamente a mãozinha dela, tão pequena e frágil, sentindo a temperatura morna da pele, o cheirinho suave de shampoo infantil que ainda permanecia nas pontas de seus cabelos.

— Eu não sei a hora que você acorda — respondi com um sorriso — mas vou tentar estar aqui sim, meu amor. — Uma promessa silenciosa pairava entre nós, um compromisso de estar presente em um mundo onde ela poderia se sentir segura.

— Ela sorriu novamente, iluminando o ambiente ao seu redor, um motivo a mais para eu querer ser essa figura de apoio em sua vida. Depois, correu para o corredor, abraçada à boneca, desaparecendo em direção ao banho.

Quando ela saiu, fiquei alguns segundos em silêncio, respirando fundo, sentindo meu coração bater de uma forma que não acontecia há muito tempo. "Talvez eu consiga trazer paz para essa menina. Talvez ela também consiga trazer algo para mim."

— A ideia de que eu poderia ser um farol de esperança na vida dela preenchia meu coração de determinação.

— Sim, eu já sentia que algo especial começava ali, envolvendo a fragilidade e a força dessa menina que eu havia simplesmente conhecido, mas que agora se enredava na tapeçaria da minha vida como se sempre tivesse feito parte dela.

—"Em cada risada dela, posso descobrir um fragmento da alegria que eu perdi.

—Em cada olhar que ela me dirige, pode ser que eu encontre não apenas uma nova amiga, mas um eco de esperança que ressoa em meu próprio coração.

—Afinal, se a infância é o jardim onde plantamos as primeiras sementes do amor e do carinho, então talvez esse seja o nosso momento de florescer juntos."

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