Mas agora, os pensamentos com Fernando se insinuavam na mente dela, como sombras que não podiam ser afastadas. Ele a desafiava, a provocava, a sufocava com aquele olhar perturbador e ao mesmo tempo sedutor. E, por mais que Natália tentasse se manter firme, percebeu que não seria capaz de resistir a ele por muito tempo. O que era dela, aquilo que guardava para o homem certo… parecia querer se entregar a Fernando, mesmo antes que ela pudesse decidir.“Como pode ser assim?” pensou, apertando os punhos. “Eu o odeio… mas ao mesmo tempo, não consigo negar a atração. Ele me provoca, me domina, e ainda assim há algo nele que me faz querer… ceder.”Não podia negar que lutavam contra o desejo quase incontrolável que sentia por Fernando. Era errado, perigoso, mas ao mesmo tempo… inevitável.Ela respirou fundo, tentando organizar os pensamentos, mas não conseguia enganar a si mesma. “O que eu guardei para a noite de núpcias, o que considerei meu mais precioso… será dele. Fernando terá isso, cedo

Com a situação na fazenda sob controle, a tranquilidade parecia reinar novamente. Fernando ficou mais presente na fazenda, mas passava a maior parte trancado no escritório ou ia a vila onde tinha um escritório na sede administrativa e Carlos sempre estava com ele, se encontravam para as refeições. Enquanto Natália ficava quase o dia todo envolta em tecidos, cores e uma sucessão interminável de vestidos, conjuntos, calças, blusas e saias. Numa manhã o avião trouxe uma variedade enorme de acessórios, sapatos e bolsas para Natália escolher.— Seria melhor ir na loja e escolher pessoalmente. — Disse ela a Fernando Ele sorriu com ironia.— E então você aproveitaria a oportunidade para fugir. Não, não irei correr esse risco. *****O sábado à noite trouxe à vila da fazenda Santa Maria um brilho especial. O clube, iluminado por fileiras de lâmpadas coloridas na fachada, já deixava escapar pelas janelas abertas o som animado da sanfona, do violão e da zabumba. Lá dentro, o grande salão est

Enquanto isso, ao fundo, outra música começava. Carlos e Paula ainda dançavam.— O relacionamento de Fernando e a noiva é meio... estranho, não acha? — perguntou Paula, em tom de quem provoca e testa reações.Carlos manteve o sorriso por educação, mas por dentro, as palavras dela o incomodaram.— Por que pergunta? — devolveu, tentando parecer indiferente.— Eles não parecem apaixonados. — continuou ela. — E o que aconteceu com a Cecília? Não era ela quem ia se casar com o Fernando? Agora, do nada, aparece essa branquela aí. — Paula revirou os olhos.Carlos parou abruptamente. O tom desdenhoso o atingiu fundo.— Cuidado com o que diz, Paula. — falou firme. — Natália é uma mulher admirável. Fernando teve sorte em encontrá-la.Paula piscou, surpresa com a resposta. Carlos raramente elevava o tom. Ele largou a mão dela e se afastou. A música continuava, mas Paula ficou parada no meio da pista, atônita. Alguns casais a olharam de soslaio, sussurrando entre risos.O orgulho ferido ardeu nel

Levaram-na até a baia, onde o animal de pelagem branca e olhos expressivos aguardava. Natália aproximou-se devagar, estendendo a mão. A égua bufou suavemente, inclinando a cabeça, como se aceitasse o gesto.Ela sorriu, surpresa com a conexão imediata.— Parece que ela gosta de mim.— Isso é bom. — respondeu Carlos, observando com ar satisfeito. — Tem muito tempo que não monta?Enquanto conversavam, Paula surgiu montada em um garboso cavalo baio, a silhueta recortada contra a luz forte do sol. Conduzia o animal com a graça de quem nasceu sobre a sela, os cabelos soltos esvoaçando ao vento. Aproximou-se com passos firmes e elegantes, desmontando em um só movimento fluido. Jogou as rédeas para um peão e caminhou até eles.Ela sorriu ao vê-los, mas o sorriso não parecia ser espontâneo, mas sim superioridade.— Ora, que surpresa. — disse, os olhos claros faiscando enquanto pousavam em Natália. — Já decidiu explorar o haras? E onde está Fernando? A menção ao nome dele não passou despercebi

O voo foi rápido e logo ele estava pousando o heliponto atrás da grande casa da fazenda, no heliponto. Desceu rapidamente e deu a volta. Abriu a porta e antes que Natália descesse ele a puxou pelo braço em direção a casa. Mariana viu o helicóptero pousar e foi receber Fernando e ao ver a cena ficou estupefata. O semblante de Fernando estava sombrio e puxava Natália pelo braço.— Fernando! O que aconteceu?Ele passou por ela como se não existisse e entrou na casa. Um sorriso malicioso surgiu no rosto de Mariana.Fernando entrou no escritório como uma tempestade, ainda segurando o braço de Natália. Empurrou a porta e a fechou com força, o estalo ecoando pelas paredes revestidas. Em seguida, soltou-a de repente, como se o contato tivesse sido fogo em suas mãos.— O que você pensa que está fazendo, Natália? — A voz dele soou mais grave e controlada do que antes, mas a raiva estava ali, latente, prestes a explodir. Ele se aproximou da mesa, apoiando as mãos firmes sobre o tampo de mogno.