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Todos os capítulos do Mentiras do Coração: Capítulo 41 - Capítulo 50

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— Não. Não significou nada. Assim como nada do que acontece entre nós significa alguma coisa.— Isso não é verdade.— Não é? Então por que você está tão irritado?A pergunta me pegou desprevenido.Por que eu estava tão irritado? Por que ver Oliver conversando com outro homem havia despertado essa raiva cega em mim?— Porque... — comecei, então parei.— Porque o quê, Sebastian?— Porque estava com ciúmes! — A admissão saiu como um grito. — Porque ver você com ele me deixou louco de ciúmes!O silêncio que se seguiu foi absolutamente ensurdecedor.Oliver me olhou com uma expressão que misturava surpresa e algo que poderia ser dor.— Ciúmes — repetiu ele baixinho.— Sim, ciúmes. Ciúmes irracionais, primitivos. Queria quebrar a cara dele.— Sebastian...— E eu sei que não tenho direito a isso — continuei, as palavras saindo numa torrente desesperada. — Sei que nosso casamento é falso, sei que não tenho reivindicação sobre você, sei que você pode falar com quem quiser...— Então por que...?

POV OLIVERAcordei às seis e quinze da manhã, depois de uma noite praticamente sem sono.Sebastian ainda estava dormindo no sofá, um braço jogado sobre os olhos, a respiração finalmente regular depois de horas de inquietação.Tomei banho em silêncio, me vesti com cuidado, e saí da suíte sem fazer barulho.Precisava de ar, de espaço, de alguns minutos longe daquela tensão sufocante.O restaurante do hotel estava quase vazio àquela hora da manhã.Escolhi uma mesa perto das janelas que davam vista para o lago e pedi um café simples e torradas.Não estava com fome, mas precisava fazer alguma coisa com as mãos.— Parece que grandes mentes pensam igual.Levantei os olhos e vi David se aproximando com uma xícara de café e um sorriso caloroso.— David — disse eu, surpreso. — Você também é matinal?— Jetlag — explicou ele, gesticulando para a cadeira vazia. — Posso?— Claro.Ele se sentou, estudando meu rosto com aqueles olhos azuis gentis.— Você parece cansado. Tudo bem?Forcei um sorriso.—

Deveria estar exultante.Em vez disso, mal conseguia me concentrar.A imagem de Oliver rindo com David estava gravada na minha mente como uma queimadura.A facilidade com que eles conversavam, a forma como Oliver se iluminava quando David falava, o jeito como ele parecia... feliz.Quando foi a última vez que consegui fazer Oliver sorrir assim?— Sr. Blackwood? — a voz do presidente da Wellington me trouxe de volta ao presente. — Está satisfeito com os termos?— Completamente satisfeito — respondi, forçando-me a focar. — É um prazer fazer negócios com vocês.Oliver havia tomado notas diligentemente durante toda a reunião, profissional e eficiente como sempre.Mas não havia feito contato visual comigo uma única vez.Quando voltamos para a suíte no final da tarde, eu estava determinado a tentar consertar as coisas.Não podia continuar vendo Oliver se afastar de mim assim.Não quando cada músculo do meu corpo gritava que eu estava perdendo algo importante.Encontrei-o sentado na cama com

— O que é?— É sobre o dia 15 de outubro. Sei que você nunca gosta de falar sobre isso, mas...15 de outubro. O aniversário da morte da minha mãe.— Pai, não quero...— Vai fazer dez anos este ano, Sebastian. Dez anos. E eu estava pensando... talvez seja hora de finalmente visitarmos o túmulo juntos.A data havia completamente escapado da minha mente.Com tudo que estava acontecendo com Oliver, com Marina, com toda essa confusão emocional, eu havia esquecido.Dez anos desde que Eleanor Blackwood havia morrido num acidente de carro numa tarde de terça-feira.— Sebastian? Você está aí?— Estou — consegui dizer.— Não precisa decidir agora. Apenas... pense sobre isso.Depois que desliguei, fiquei sentado na beira da cama, tentando processar mais essa revelação.A data da morte da minha mãe, Oliver com outro homem, nossa farsa de casamento desmoronando...Tudo estava se misturando numa bagunça emocional que eu não sabia como lidar.Fui até o bar da suíte e me servi um whisky.Depois outro

Por que ele havia dito isso no passado? Por que soou como um adeus?Porque era um adeus, sua mente bêbada respondeu cruamente.Porque você perdeu sua chance.Me levantei cambaleante e fui até a janela.Chicago se estendia lá embaixo, milhares de luzes piscando na escuridão.Onde estava Oliver agora? O que estava fazendo com David?A resposta veio mais rápido do que esperava.Olhei para baixo, para os jardins do hotel, e os vi.Oliver e David, sentados num banco próximo ao lago artificial, tão próximos que seus joelhos se tocavam.David estava falando, gesticulando suavemente, e Oliver estava rindo.E então David se inclinou para frente e eles se beijaram.Senti como se alguém tivesse arrancado um pedaço de mim.Eles se beijaram lenta, gentilmente, como duas pessoas que estavam descobrindo algo novo e precioso.Oliver levou a mão ao rosto de David, e David passou os braços ao redor da cintura de Oliver.Não conseguia respirar. Não conseguia pensar.Só conseguia assistir ao homem que eu

Foi David que finalmente sugeriu:— Talvez ele tenha voltado para Nova York?Estava de volta na suíte, arrumando minhas coisas desanimadamente, quando o telefone tocou.Corri para atender, esperando desesperadamente que fosse Sebastian.— Alô?— Oliver? É Richard Blackwood.Antes que o pai de Sebastian pudesse dizer mais alguma coisa, comecei a chorar.— Richard! Obrigado a Deus! Você sabe onde Sebastian está? Ele desapareceu ontem e eu estou tão preocupado e não sei o que fazer e...— Oliver — a voz de Richard me cortou gentilmente. — Respire. Sebastian está aqui. Em Nova York.— Ele está? — O alívio que senti foi tão intenso que quase me fez desabar. — Ele está bem?— Está... está passando por um momento difícil. Voltou ontem de última hora, não conseguiu te avisar. Disse que estava muito ocupado para ligar.Ocupado demais para ligar?A explicação soou estranha, mas pelo menos Sebastian estava vivo e seguro.— Richard, eu não entendo. Por que ele foi embora sem me dizer nada?Houve

Pude ver outros funcionários parando para observar nossa interação estranha, sussurros começando a se espalhar.Então, sem dizer uma única palavra, sem nem mesmo me olhar, Sebastian continuou andando e entrou no seu escritório, fechando a porta atrás de si.O som da porta se fechando ecoou pelo corredor como um tiro.Fiquei parado ali, humilhado e devastado, enquanto os funcionários me olhavam com uma mistura de curiosidade e pena.Podia ouvir os sussurros começando:— O que aconteceu entre eles?— Acho que brigaram...— Será que terminaram?— Oliver parece destruído.Voltei para minha mesa com pernas bambas, tentando ignorar os olhares.Sentei-me e fitei a tela do computador sem ver nada, tentando processar o que havia acabado de acontecer.Sebastian havia me ignorado completamente.Como se eu não existisse. Como se meses de convivência, de momentos íntimos, de confissões não significassem absolutamente nada.Uma hora depois, ouvi um estrondo vindo do escritório de Sebastian.O som d

POV OLIVERUma semana inteira.Sete dias intermináveis desde que vi Sebastian pela última vez no corredor da empresa.Sete noites solitárias dormindo sozinho no apartamento dele, esperando desesperadamente ouvir o som da chave na fechadura.Sete manhãs acordando com a esperança patética de encontrá-lo tomando café na cozinha.Nada.Havia parado de contar quantas vezes liguei para ele ou quantas mensagens enviei.Meu celular mostrava apenas "entregue", nunca "lida".Sebastian havia se tornado um fantasma, presente apenas através das roupas que ainda estavam no closet e do perfume que ainda impregnava os travesseiros.Ele também não havia aparecido na empresa.Sarah me informava todos os dias com olhos compadecidos que o Sr. Blackwood ainda não havia chegado, e eu fingia que estava apenas verificando sua agenda quando na verdade estava desesperado por qualquer sinal de vida.Era uma quarta-feira, 15 de outubro, quando meu telefone tocou durante o almoço.Richard Blackwood.— Oliver? Pod

— Quando Sebastian vai voltar? — perguntei finalmente, minha voz quebrando.— Não sabemos — admitiu Catherine. — Como hoje é o aniversário... é melhor dar tempo a ele.— Mas — disse Richard, se levantando —, quando for a hora certa, eu te levo até ele.Voltei para o apartamento vazio com o coração pesado, mas pela primeira vez em uma semana, com um fio frágil de esperança.Sebastian gostava de mim.Seus próprios pais haviam confirmado.Ele estava magoado, confuso, lidando com traumas antigos, mas havia sentimentos reais ali.Não mandei mais mensagens naquela noite.Em vez disso, fiquei na sala onde tantas vezes havíamos jantado juntos, onde ele havia tocado meu rosto e admitido que algo havia mudado, e tentei ser paciente.Na manhã seguinte, Richard ligou cedo.— Oliver? Falte ao trabalho hoje. Vou te levar até Sebastian.Meu coração disparou violentamente.— Ele pediu para me ver?— Não exatamente. Mas sei onde ele vai estar hoje, e acho que é hora de vocês conversarem.O cemitério d

— Eu também te amo — murmurei contra seu cabelo. — Sempre amei. E vou ter toda a paciência do mundo se você me deixar.Sebastian se afastou o suficiente para me olhar nos olhos, seu rosto manchado de lágrimas mas mais bonito do que eu jamais o havia visto.— Você me perdoa? — perguntou ele. — Por ter sido covarde? Por ter demorado tanto para perceber?— Só se você me perdoar por ter beijado David — respondi. — E por não ter entendido que você precisava de tempo.Sebastian sorriu — o primeiro sorriso genuíno que eu via há semanas.— Acho que sua mãe gostaria que a gente parasse de ser idiotas — disse eu, olhando para a lápide.— Ela definitivamente gostaria — concordou Sebastian, rindo entre as lágrimas. — Eleanor Blackwood não tolerava drama desnecessário.E ali, no cemitério onde Sebastian havia finalmente encontrado coragem para falar com sua mãe sobre amor, nós dois encontramos coragem para admitir que talvez, apenas talvez, nossa farsa tivesse se tornado a coisa mais real que já h

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