— Sinto muito — disse ele finalmente.— Por quê?— Por não poder corresponder da mesma forma.As palavras deveriam ter doído mais do que doeram. Deveriam ter me despedaçado.Talvez eu já soubesse, lá no fundo, enterrado sob camadas de esperança patética, que ele não sentia o mesmo.— Não precisa se desculpar por isso — disse eu, forçando minha voz a permanecer firme. — Sentimentos não são algo que podemos controlar. Não funcionam assim.Ele sorriu — um sorriso pequeno, mas genuíno, que iluminou seu rosto cansado.— Você é mais sábio do que eu em algumas coisas.— Duvido muito disso.— Não, é verdade. — Sebastian se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, me estudando com curiosidade real. — O que você vê em mim, Oliver? O que fez você se sentir... assim?A pergunta me pegou desprevenido novamente, roubando o ar dos meus pulmões.— Você realmente quer saber?— Quero.Tentei organizar meus pensamentos caóticos, tentei encontrar palavras que fizessem sentido.— Você é...

POV OLIVERA segunda-feira começou de forma estranha.Perturbadoramente estranha.Sebastian estava de volta ao trabalho, completamente recuperado da gripe, mas havia algo diferente vibrando no ar entre nós.Algo que eu não conseguia identificar exatamente — talvez fosse a memória persistente daquele momento carregado na sala, quando nossos olhares se encontraram por tempo demais, suspensos numa tensão que nenhum de nós sabia nomear.Ou talvez fosse o fato de que, depois de uma semana inteira cuidando dele, eu havia visto um lado mais vulnerável, mais humano de Sebastian que simplesmente não sabia como processar.Como guardar.Como esquecer.Estava organizando alguns documentos mecanicamente quando Sarah da recepção me ligou, sua voz soando estranha.— Oliver? O Sr. Harrison está aqui para ver o Sr. Blackwood, mas ele pediu especificamente para falar com você primeiro.Senti meu sangue congelar instantaneamente nas veias.— Comigo?— Sim. Devo mandá-lo subir?Olhei na direção do escrit

Catherine estava falando de mudanças que ela via em Sebastian, mudanças que ela atribuía ao nosso relacionamento completamente falso.— Catherine — comecei, minha voz falhando —, eu...— Eu sei que não foi fácil para vocês no início — ela me interrompeu gentilmente. — Casamentos arranjados pela conveniência familiar raramente começam com amor verdadeiro.Congelei completamente.— Casamentos arranjados?— Oh, querido. — Ela riu baixinho, sem malícia. — Você não precisa fingir comigo. Richard me contou sobre as pressões familiares, sobre como este casamento beneficia tanto a empresa quanto suas respectivas situações familiares. É mais comum do que você imagina no nosso meio.Minha mente estava girando descontroladamente.Ela sabia que o casamento não era baseado em amor, mas pensava que era algum tipo de arranjo familiar legítimo.— Mas sabe o que é lindo? — continuou Catherine, voltando a lavar a louça. — Vocês estão realmente se apaixonando. Qualquer um pode ver.— Nós estamos?— Oh,

POV OLIVERDuas semanas se passaram desde a noite em que Sebastian tocou meu rosto e admitiu que não sabia se tinha sentimentos por mim.Duas longas, torturantes semanas de uma tensão estranha pairando entre nós como fumaça — de momentos quase íntimos interrompidos abruptamente por trabalho ou pela simples covardia de não saber como lidar com o que estava acontecendo.Com o que estava mudando entre nós.Sebastian ainda estava mancando ligeiramente, mas havia insistido teimosamente em voltar ao trabalho depois de apenas alguns dias.Eu tentava manter distância emocional — uma tarefa quase impossível, praticamente insana quando você divide apartamento com alguém e trabalha na mesma empresa.Cada manhã tomávamos café em silêncio pesado. Cada noite jantávamos conversando apenas sobre trabalho, cuidadosamente evitando qualquer assunto remotamente pessoal.Era como se ambos estivéssemos tentando desesperadamente voltar ao que éramos antes, mas nenhum de nós conseguia esquecer aquele momento

— Não, Oliver. Não agora. Não com minha cabeça confusa e chateada deste jeito.Ele começou a se afastar.— Chris!Senti Sebastian segurar meu braço firmemente, me impedindo de segui-lo.— Deixe-o ir — disse Sebastian gentilmente. — Ele não está em condições de conversar agora.Observei meu irmão se afastar, meu coração se despedaçando em pedaços.Christopher sempre foi meu protetor, meu melhor amigo.A ideia de tê-lo decepcionado assim era absolutamente insuportável.POV SEBASTIANVer Oliver desmoronar completamente daquele jeito despertou um instinto protetor violento em mim que eu não sabia que existia.Quando Christopher desapareceu dentro da casa, Oliver simplesmente desabou.Sem pensar, sem calcular, o puxei para um abraço firme.Ele enterrou o rosto no meu peito e chorou — um choro profundo, devastador, que falava de meses de tensão acumulada.Eu podia sentir suas lágrimas quentes molhando minha camisa, seu corpo tremendo violentamente contra o meu.— Shh — murmurei, passando a