Nicolo MorettiO cheiro dela ainda estava em mim.Um aroma doce e almiscarado, uma mistura única de tesão e do seu perfume de jasmim que se impregnou na minha pele, na minha roupa e, no fundo, dos meus pulmões. Era o cheiro do seu prazer, do momento em que a fiz estremecer contra a parede fria do elevador. E agora era o meu segredo mais íntimo e perturbador, escondido sob o terno preto de luto e o cheiro formal da catedral.A luz vermelha de emergência do elevador, pulsando como um coração febril sobre as nossas cabeças aéreas pelo tesão, ficara gravada atrás das minhas pálpebras.Era um farol no meio da escuridão que me consumia, um momento de pura, crua e inegável verdade. Eu a quis. Eu a queria ainda. Mais do que o orgasmo delicioso que lhe dei. Quero sentir a sua buceta apertando-me, quero ouvir os meus gemidos ecoando de sua garganta.E, principalmente, quero afogar a dor que estou sentindo do mundo no calor do seu corpo.Mas a realidade, implacável, impunha-se.No subsolo, antes
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