Luana’s POV A chuva tamborilava na janela do meu apartamento como dedos impacientes sobre uma mesa de vidro. Cada gota ecoava no silêncio da sala como se quisesse me lembrar que não havia saída — que todos os segredos que costurei um dia retornariam para me sufocar. O céu sobre a cidade A estava pesado, encharcado de trovões abafados. Eu sempre gostei de tempestades… talvez porque elas escondem lágrimas, talvez porque abafam confissões.A luz fria dos postes de rua entrava pelas janelas, desenhando sombras no chão de madeira escura. O relógio marcava **2h47 da madrugada**. Eu não deveria estar acordada, mas como dormir quando o passado bate à porta com a mesma insistência que a chuva?Abracei meus joelhos, sentada no canto do sofá cinza. Era curioso como o mundo podia parecer imóvel mesmo quando tudo dentro de mim se movia em alta velocidade. Eu, Luana Monteiro, herdeira de um sobrenome que nunca pedi, estava prestes a desaparecer.Sim, desaparecer.Mas não como vítima. Como estrateg

**Nicole’s POV**A cidade A dormia sob a tempestade.Do alto do edifício Vassiliev, o vidro frio refletia as luzes dos arranha-céus e o eco distante das sirenes. O mundo parecia em silêncio — o tipo de silêncio que antecede grandes movimentos.Cruzei as pernas, observando as gotas escorrerem pela janela do meu escritório. Ali, no 73º andar, eu podia ver tudo. E controlar quase tudo.Meu nome é **Nicole Vassiliev**, herdeira do império mais temido do país A — e a cabeça da **Família Vassiliev**, a principal organização mafiosa das últimas três gerações.A superfície é de luxo, influência e negócios limpos.O subsolo, entretanto, é um labirinto de acordos, chantagens e sangue.Meu pai, **Sergei Vassiliev**, me ensinou que o poder é uma equação: *informação + controle = obediência.*Minha mãe, **Helena**, sempre dizia que poder sem propósito é fraqueza disfarçada. Ela era a mente por trás das operações legais: escritórios de advocacia, redes de mídia e investimentos invisíveis que susten

Nicole’s P.O.V.O carro cortava a estrada vazia, o som das ondas ainda distante na memória de Nicole. Ela olhava para o tablet holográfico, analisando os mapas de rastreamento de Ethan.— Novas movimentações na fronteira norte do país B — disse o agente grisalho, apontando para o mapa.— Intensifique o monitoramento, mas sem interferir ainda — ordenou Nicole. — Quero ver para onde ele corre antes de reagirmos.— E quanto à AITEC? — perguntou o jovem agente. — Se ele tentar acessar os servidores novamente?— Então entraremos em ação, mas por enquanto… ele é nossa isca. Ethan sempre deixa rastros. Lembrem-se disso.Nicole suspirou, encostando-se ao banco. Arthur ainda não sabia da gravidez — um segredo que só ela, Ana, Erick e Isabela conheciam. A responsabilidade de proteger a menina e a criança pesava mais que qualquer risco empresarial.— Erick vai querer conversar sobre isso ainda hoje — murmurou para si mesma.— Senhora? — perguntou o agente mais jovem.— A criança. Arthur precisa

Isabela’s P.O.V.O som do relógio era o único ruído vivo dentro da mansão. Cada tic-tac parecia arrancar um pedaço do tempo — e, com ele, o pouco de calma que me restava.Fazia três dias desde que tudo desmoronara: Luana desaparecera, Arthur sumira, e a sombra de Ethan se espalhava como névoa sobre cada canto da minha mente. Três dias desde que soube que o menino que juraram morto… talvez nunca tivesse ido embora.Sentei-me à beira da cama, sentindo o frio do piso de mármore sob os pés. O lençol amarrotado cheirava a vinho e perfume — lembranças de uma noite em claro, repleta de perguntas que o amanhecer não responderia. A mão deslizou instintivamente sobre o ventre. O gesto era automático, protetor, quase ritualístico. O pequeno segredo que crescia dentro de mim era a única verdade que eu ainda possuía.O espelho diante da cama devolveu uma imagem que mal reconheci: olhos fundos, lábios pálidos, a força fria de alguém que aprendeu a sobreviver — mas que estava à beira de se desp

(P.O.V. Cael Genevesse)O mar sempre foi o mesmo — calmo na superfície, imprevisível nas profundezas.Assim como ele.Cael caminhava pela areia úmida, o vento cortando o rosto.Observava de longe a figura ajoelhada — Arthur Vasconcellos Moreau, o herdeiro de um império construído sobre segredos e silêncios. Mesmo sem nunca ter participado do poder dos Vasconcellos, Arthur erguera o próprio domínio — um império feito de estratégia, influência e dela.Isabela Moreau Genevesse.Ela era o centro de tudo, embora ainda não soubesse.E, como sempre, o destino dela estava costurado ao dele.— É preciso monitorar tudo. Cada movimento precisa ser perfeito — disse sem olhar para o assistente ao lado.— Entendido, senhor — respondeu o homem, afastando-se.Cael permaneceu de pé diante do mar e tirou do bolso uma moeda antiga.Passou os dedos sobre o metal frio, desgastado pelo tempo.Era o único objeto que restara do passado — o símbolo da noite em que tudo mudara.A moeda fora entregue por uma mu