Lucca FerraroA sala de reuniões cheira a couro, café requentado e poder. As janelas panorâmicas engolem a cidade em retalhos de luz, as cadeiras alinhadas como sentinelas. Entro junto com Rafael e o paletó nunca pesou tanto como antes. No corredor, respirei fundo duas vezes, uma para o executivo, outra para o homem. Retomo a minha postura fria e impassível de sempre e atravesso a porta com a máscara que todos esperam.Enzo Ferraro está lá antes de mim. Meu pai ocupa a cadeira próxima a minha. O rosto dele tem a paciência seca de quem já viu impérios subirem e caírem pelo capricho do mercado. Ele me olha um segundo com olhos que misturam orgulho e avaliação, aquele olhar que avalia não só meu terno, mas a consistência das minhas escolhas.

 Clara VasconcelosDesci os últimos degraus devagar, segurando o corrimão de madeira com os dedos ainda trêmulos. A luz da manhã entrava pelas janelas grandes, dourando o corredor e trazendo consigo o cheiro irresistível de café fresco, pão quente e frutas cortadas. Meu coração batia em um ritmo suave, e diferente , como se meu corpo ainda não tivesse se desligado completamente da noite anterior.A casa estava silenciosa, acolhedora, entrecortada apenas pelo som distante de talheres e pelo farfalhar de panos vindo da cozinha. Passei a mão pelo vestido, tentando disfarçar o nervosismo, prendi um fio de cabelo rebelde atrás da orelha e respirei fundo antes de atravessar o arco que levava à sala de jantar.Giovanna já

 O medo não avisa quando chega, ele simplesmente se instala. Entra em silêncio, como um vento frio por uma fresta esquecida da janela, e quando se dá conta, já está em todos os cantos. Clara sentiu exatamente isso quando viu o semblante de Giovanna mudar. Um instante antes, as duas ainda riam, compartilhando confidências leves, mas bastou um piscar de olhos para o clima mudar. O ar pareceu mais pesado, e o brilho no olhar da cunhada deu lugar a preocupação.Giovanna afastou a xícara com cuidado, o pires tilintando levemente sobre a mesa. Não havia raiva nem impaciência em seu rosto, apenas a gravidade de quem estava prestes a quebrar uma verdade difícil, daquelas que não se voltam atrás depois de ditas.— O nosso pai… também não

Lucca FerraroClara está deitada de lado, abraçada ao meu travesseiro, os cabelos negros espalhados pelo lençol branco como tinta derramada, formando um contraste quase poético. A cena parece uma pintura viva, dessas que aprisionam o olhar e silenciam o mundo ao redor. Um dos fios se curva sobre o ombro, outro repousa sobre o rosto, e por um instante fico imóvel, apenas observando.O vestido que ela usa é leve, de tecido fino, quase translúcido, e carrega um tom de pêssego tão suave que parece capturar cada feixe de luz que escapa das frestas da cortina. As alças finas deixam à mostra os ombros delicados, e o tecido acompanha a curva do corpo com uma naturalidade que chega a ser perigosa, há uma beleza ali que não precisa de esforço, apenas existe. É uma feminilidade serena, mas impossível de ignorar.Sento-me devagar na beira da cama, o colchão cedendo sob o peso do meu corpo, e fico olhando para ela. A respiração de Clara é mansa, compassada, o peito subindo e descendo num ritmo que

Lucca FerraroMinhas mãos descem com cuidado, explorando as curvas do corpo dela por baixo do vestido, traçando a linha da coxa com os dedos, subindo devagar até encontrar o calor úmido entre suas pernas. Sinto-a molhada, encharcada de desejo, e o toque de meus dedos em sua intimidade a faz arquear as costas levemente, e um suspiro escapar dos seus lábios. Inclino-me para perto do ouvido dela, roçando os lábios contra a orelha sensível, e sussurro rouco, com a voz baixa e carregada de promessas: — Você está tão molhada para mim, meu amor… tão pronta… — As palavras saem como um segredo íntimo, e o corpo de Clara estremece ainda mais, se arrepiando por inteiro. Seus dedos se cravam nos meus ombros como se precisasse se segurar para não se desfazer.Eu me afasto um pouco, apenas o suficiente para criar espaço, sem desviar os olhos dos dela. Puxo a camiseta pela cabeça devagar, revelando o peito nu, e os músculos se contraem sob a penumbra do quarto. Clara me encara, com os olhos semicer