Ele ergueu a mão, lentamente, afastando uma mecha de cabelo que caía sobre meu rosto. O toque foi leve, mas o suficiente para me fazer prender o ar por um instante. Sua mão deslizou até a nuca, e a forma como seus dedos ficaram ali, firmes, sem pressa, carregava algo íntimo, quase possessivo, mas com a mesma delicadeza que sempre marcava seus gestos quando estava comigo.— Você não faz ideia… — murmurou, voz baixa, como se fosse apenas um pensamento escapando—de quem você está provocando.Antes que eu pudesse falar algo, ele inclinou-se e seus lábios tocaram os meus. Não houve urgência no início, apenas a firmeza de quem sabia exatamente o que queria. O beijo foi lento, exploratório, até que sua outra mão encontrou minha cintura e me puxou para mais perto. Meu corpo respondeu de imediato, como se tivesse esperado exatamente aquele instante para se render.A distância entre nós desapareceu, e eu me vi envolvida pelo calor dele, pelo cheiro discreto do perfume que parecia se misturar ao

O carro deslizou suavemente pelas ruas de Nova Iorque, cada semáforo parecia prolongar a expectativa, cada curva fazia meu coração acelerar um pouco mais. Ao meu lado, Kairos dirigia com aquela calma habitual, os olhos fixos à frente, mas de vez em quando lançando um olhar rápido em minha direção, avaliando minhas reações. O silêncio entre nós não era desconfortável; era cúmplice, carregado de tudo o que havíamos vivido no iate, dos olhares, dos toques e do brilho de cada momento compartilhado. Eu tentava absorver a intensidade do dia, e cada instante parecia mais vívido agora, refletido nos meus pensamentos em loop. As roupas que ele me ajudou a escolher, o toque de sua mão, a sensação da seda do vestido vermelho, o brinde no convés… Tudo parecia se fundir em uma lembrança perfeita, quase inacreditável. Senti uma mistura de incredulidade e gratidão por tudo o que ele havia feito, por cada gesto calculado que me fazia sentir especial sem precisar dizer uma palavra. Quando chegamos e

O dia amanheceu mais silencioso do que eu esperava. Levantei sem pressa, mas a expectativa de tudo que estava por vir deixava meu coração inquieto. Ainda estava me acostumando com o fato de ter um carro próprio, presenteado por Kairos, e com o bilhete carinhoso que ele havia deixado no porta-luvas. Desde aquela noite no iate, não trocamos nenhuma mensagem. Era como se ele tivesse deliberadamente me dado espaço, limitando-se apenas a aquele recado escrito à mão, que agora guardava dobrado dentro de um livro na mesa de cabeceira.Depois de um banho rápido, escolhi uma das roupas novas — uma calça de alfaiataria bege claro e uma blusa de seda azul-marinho. Completei com saltos discretos e uma bolsa pequena, também das compras do dia anterior. Tomei café olhando distraidamente para a rua pela janela, tentando não me perder em devaneios sobre como seria encarar os irmãos dele.Peguei a chave do Lexus, ainda com uma sensação estranha de que aquele carro não era realmente meu. Ao entrar, per

Kairos se aproximou com passos tranquilos e abriu um leve sorriso de canto. O silêncio que se instalou entre nós era pesado, quase palpável, mas ao mesmo tempo familiar. Ele não precisou dizer nada para me fazer sentir que estava exatamente onde ele queria que eu estivesse. — Vem — murmurou, apontando discretamente para a mesa posta. A mesa de jantar estava impecável. Guardanapos de tecido, velas acesas e pratos dispostos como se fosse uma ocasião especial. Havia uma garrafa de vinho aberta ao lado, e o aroma de especiarias preenchia o ambiente. Sentei-me devagar, observando-o servir o vinho com naturalidade, como se fosse um ritual. A cada movimento dele, percebia que estar ali não era apenas sobre um jantar. Era sobre intimidade. Era sobre ele me deixar ver um lado que raramente mostrava. — Não imaginei que você fosse do tipo que cozinha — provoquei, arqueando uma sobrancelha. Ele riu baixo, um riso quase rouco. — Você ainda tem muito a aprender sobre mim. O comentário pairou

Na sexta-feira de manhã, acordei antes mesmo do despertador tocar. Era como se meu corpo tivesse se antecipado ao que estava por vir, ansioso demais para me permitir o luxo de alguns minutos a mais na cama. Abri os olhos e encarei o teto do meu quarto por alguns instantes, tentando organizar mentalmente tudo o que eu ainda precisava fazer antes de sair. Apesar de já ter arrumado a mala na noite anterior, ainda havia aquela estranha sensação de que eu estava esquecendo algo — uma escova de cabelo, um carregador, talvez um par de sapatos. Levantei-me devagar, puxei a cortina e deixei a luz suave da manhã invadir o quarto. O céu estava limpo, tingido de um azul delicado, e por um instante isso me trouxe paz. Sorri sozinha, lembrando que em poucas horas eu estaria revendo minha mãe, meus tios e primos, depois de tanto tempo. No entanto, o que realmente fazia meu coração acelerar era saber que Kairos estava envolvido nisso. Ele não apenas se ofereceu para me levar como havia insistido que