“Construí uma prisão para Luna, mas acabei trancado nela também. A vingança ainda queima em mim, mas é o nome dela que me corrói por dentro. Se eu não a destruir, ela me destruirá. E talvez, por primeira vez, eu não saiba qual destino escolher.” — Fernando Torrenegro 🖤Passei a noite no quarto dela, sentado na cadeira como um condenado. Não toquei nela, mas fiquei em silêncio, não disse mais nada. Apenas fiquei ali, preso à respiração de Luna. Ela dormia — ou fingia dormir. Não importava. Para mim, aquele silêncio foi a pior tortura. Eu não sou um homem que hesita. Não me permito dúvidas, não me permito fraquezas. Sempre acreditei que meu caminho fosse claro: destruir Castilho, fazer dele o que ele fez comigo, esmagar sua vida com as próprias mãos. E a peça final desse jogo era ela.Luna.Mas a cada noite que passo ao lado dela, percebo que a prisão que construí não é só dela. É minha também. E mais sufocante do que qualquer cela de ferro.Quando o sol nasceu, saí do quarto como lad

“Eu, Fernando Torrenegro, que ergui meu império sobre sangue e vingança, estou perdendo para um único beijo. Luna é a filha do meu inimigo, mas também é a única verdade que me prende. Se continuar assim, não serei eu a destruí-la… será ela quem me destruirá.” 🖤 A aproximação e o beijo que dei em Luna não saiu da minha cabeça. Podia passar o dia inteiro revisando números, mapas e rotas de carregamento. Podia planejar ataques, vasculhar relatórios dos meus homens e calcular cada movimento de Castilho. Mas, no fim, quando a noite caía e a casa se mergulhava em silêncio, tudo o que restava era a lembrança da boca dela contra a minha. Não era um beijo qualquer. Aquilo foi uma maldição e um maldito veneno que estava correndo no meu sangue. E eu, idiota, tomei cada gota sem resistir. E por essa atitude errada passei os últimos dias tentando manter distância, o que era praticamente impossível se tratando justamente de Luna, a causadora do meu inferno. Eu entrava no quarto e não dizia na

“Eu posso comandar exércitos, calar cidades inteiras e erguer impérios sobre sangue e medo. Mas diante dela… sou apenas um homem condenado a desejar o que jamais poderei possuir.” — Fernando Torrenegro🖤Mais uma noite, e para variar, não preguei os olhos. O nascer do sol entrou pelas frestas da cortina como lâminas afiadas dispostas a cortar tudo o que viesse à sua frente, principalmente, o meu coração. Eu me sentei na beira da cama, as mãos ainda doloridas dos socos contra o espelho. O sangue seco nos meus dedos era lembrança da raiva que não consigo domar.Raiva dela.Raiva de mim.Raiva de tudo.Acendi um charuto. A fumaça preencheu o ar e, por um instante, senti que conseguia respirar. Mas logo o cheiro doce que vem dela tomou conta da minha memória. Luna se infiltra até nos meus vícios.Mateo entrou sem bater, como sempre faz. Insistindo em me lembrar quem sou, e a importância que tenho em tudo a minha volta. — Don… a reunião com os homens de Cali está marcada. — Ele parou ao

“O beijo de Luna não foi desejo… foi ruína. Desde então, não luto contra meu inimigo, mas contra mim mesmo.” — Fernando Torrenegro🖤A madrugada sempre foi meu território.O silêncio da noite me confortava, porque nele eu podia pensar, calcular e mover peças no tabuleiro sem ser interrompido.Mas agora, cada madrugada se tornou um campo de batalha dentro da minha própria cabeça. Eu me levanto, caminho pelo corredor, sinto o peso das paredes fechando em volta de mim. Meu corpo está aqui, mas minha mente permanece presa naquele beijo. Aquele maldito beijo.Eu já provei muitas bocas. Já usei mulheres como parte de negócios, como válvulas de escape, como distração para um corpo que precisava de válvulas de descarga. Mas Luna… ela não é nada disso. Com ela, não houve barganha, não houve cálculo.Houve verdade.E é isso que me destrói.Ela é filha de Castilho.Filha do homem que me arrancou tudo, do bastardo que jurou me ver em ruínas, que transformou minha vida em sangue e ferro. E, mesmo

“Se Fernando me chama de erro, é porque já sabe que não consegue mais viver sem a minha existência.” — Luna Castilho🖤Desde o beijo, Fernando não é mais o mesmo. Ou, talvez, eu tenha mudado. O silêncio que sempre existiu entre nós se tornou mais denso, mais cruel. Antes, eu sentia nele um controle, uma escolha. Agora, sinto fuga. Ele me evita como quem foge de uma chama prestes a incendiar.E eu me pergunto: será que o fogo sou eu?Ele não entra mais no quarto. Seus passos param diante da porta, hesitam, e depois se afastam. Eu reconheço cada nuance de som, cada respiração contida. Posso quase vê-lo com a minha mente: parado, punhos cerrados, segurando a maçaneta sem coragem de girá-la. Não sei se me observa, se me deseja, se me odeia. O que sei é que o ar entre nós pesa como ferro.Eu tento não chorar. Não quero que ele escute minha fraqueza. Mas as lágrimas vêm, silenciosas, porque sinto que algo se quebrou no instante em que nossos lábios se encontraram. Eu não me arrependo. Não