Narrado por Dmitri VolkovO salão do conselho sempre me pareceu um mausoléu. Teto alto, abóbada coberta de afrescos gastos pelo tempo, mesa comprida de ferro negro que atravessava o centro da sala como um caixão aberto. As cadeiras pesadas, cada uma ocupada por um velho que acreditava carregar nas costas o peso da máfia. Para mim, eram apenas sombras agarradas ao poder.Sentei na cabeceira. Mikhail ficou atrás de mim, como sempre, postura firme, olhar que atravessava paredes. O silêncio que se seguiu não era de respeito, mas de medo. Eles sabiam que eu não convocava uma reunião sem sangue na boca.Dmitri: — Um ataque. — Minha voz ecoou pela sala. — Homens armados invadiram uma escola. Crianças. Professores. E no centro, o alvo: Anya.Um murmúrio percorreu a mesa. Alguns desviaram o olhar, outros cerraram os punhos. Ninguém ousou interromper.Dmitri: — Não foi um ataque aleatório. — Apoiei as mãos na mesa. — Um dos homens sobreviveu. Foi interrogado. E entregou o nome do mandante.Os o

Narrado por Anya PetrovaA manhã chegou sem que eu tivesse dormido. A mansão parecia ainda mais fria com a luz cinzenta entrando pelas janelas altas. Passei horas deitada, olhos abertos, imaginando como seria o fim de semana, se eu realmente teria coragem de subir ao altar. A cada vez que pensava em Dmitri, lembrava do punho dele estourando a madeira da parede, e um arrepio atravessava minha espinha.Quando a campainha ecoou no andar de baixo, meu coração disparou. Corri até a janela do quarto e vi o carro parado diante da escadaria. Não demorou para Irina, a governanta, entrar no quarto.Irina: — Senhorita Anya… suas amigas chegaram.A palavra “amigas” foi como um sopro de ar fresco no meio do sufoco. Desci as escadas rápido demais, quase tropeçando, e quando cheguei ao saguão, vi Polina e Darya entrando. As duas pararam no meio do tapete, estupefatas, olhando ao redor como se estivessem em um museu.Polina foi a primeira a me abraçar, apertado, como se quisesse me salvar de dentro d

Narrado por Dmitri VolkovA mansão inteira ainda vibrava com o eco da cena grotesca de Catarina. Eu não pensava nela. Pensava na falha. Uma mulher armada havia atravessado meus portões, pisado na minha sala de jantar e ameaçado a vida da mãe do meu filho. Isso não era apenas descuido. Era um insulto direto à minha autoridade.Mikhail entrou no escritório atrás de mim, fechando a porta com calma. Eu sabia que ele já tinha respostas, ou pelo menos tentava tê-las.Dmitri: — Como ela entrou? Uma casa cheia de homens, e Catarina Smirnova atravessa a porta como se fosse convidada?Mikhail não hesitou, mas havia tensão nos olhos.Mikhail: — Viktor estava no muro lateral. Distraído, mexendo no celular. Foi nesse momento que ela pulou. Quando se deram conta, ela já estava dentro.Um gosto amargo subiu na minha garganta. Não havia nada mais nojento do que incompetência.Dmitri: — O nome dele é Viktor, certo?Mikhail: — Sim.Dmitri: — Mate-o. Hoje à noite. Sem escândalos. Mas deixe claro a todos

Narrado por Anya PetrovaO quarto estava mergulhado no silêncio, mas eu não conseguia dormir. A cena se repetia na minha mente como um pesadelo que também tinha gosto de realidade. O toque das mãos dele segurando minha cintura, a parede fria contra minhas costas, e principalmente… o beijo.A cada vez que lembrava, meu corpo reagia de um jeito que me assustava. Não era só ódio, não era só medo. E era isso que me deixava ainda mais perturbada.Levantei da cama sem fazer barulho. O corredor estava escuro, mas eu sabia exatamente para onde ir. As batidas na porta foram suaves, quase tímidas. Quando Polina abriu, com o cabelo bagunçado e expressão sonolenta, quase desabei em lágrimas só de ver aquele rosto amigo.Polina: — Anya? O que houve?Entrei antes de responder. Darya estava deitada, mas logo se sentou, curiosa, ajeitando o cobertor nos ombros.Anya: — Eu precisava falar com vocês. Agora.As duas trocaram um olhar preocupado. Polina fechou a porta, e Darya se inclinou na cama, ansios

Narrado por Anya PetrovaMinutos. Só alguns minutos haviam passado desde que ele deixou meu quarto, mas parecia que uma eternidade tinha se arrastado sobre mim. As palavras dele ainda queimavam na minha mente como fogo: “Na noite de núpcias, nós vamos transar.”Eu ainda estava com a respiração presa quando ouvi a porta bater atrás dele. Assim que fiquei sozinha, precisei me apoiar na penteadeira para não desmoronar. O reflexo no espelho me mostrava um rosto que parecia não ser meu: pálido, olhos vermelhos de raiva e medo, a boca trêmula de tanto segurar respostas que jamais ousaria dar em voz alta.Não podia mostrar isso. Não para Polina, não para Darya. Se elas percebessem, talvez tentassem me proteger, e eu sabia bem o que acontecia com quem tentava enfrentar Dmitri Volkov.Quando ouvi as duas batendo à porta, tratei de respirar fundo, puxei o vestido para o lugar e esbocei um sorriso que não tinha nada de verdadeiro.Polina: — Vamos? Dmitri já está lá embaixo.Assenti sem dizer nad