Seguir em frente parece uma ideia distante. Quase cruel.Desde que Pedro se foi, tudo perdeu a cor. A casa dos meus pais, onde ainda moro, está cheia de lembranças dele — cada canto, cada fotografia, cada silêncio. Pedro era meu único irmão, meu parceiro de vida. E agora, é como se metade de mim tivesse sido arrancada.Acordo cedo, mas não por vontade. O sono virou refúgio, e mesmo ele anda falhando. Mamãe bate na porta do quarto com delicadeza, como se tivesse medo de me quebrar. Às vezes, acho que já quebrei mesmo.Minha melhor amiga, Luísa, tem sido meu fio de sustentação. Ela aparece quase todos os dias, trazendo café, palavras doces e uma paciência que parece infinita. Só ela consegue me fazer rir, mesmo que por segundos. Só ela entende que não é questão de superar — é questão de aprender a respirar com esse buraco no peito.— Clara, abre a porta, por favor… — a voz da minha mãe atravessa a madeira com uma ternura que me corta por dentro.Mas eu não consigo. Não é por falta de am
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