AnaLex abriu a porta do quarto com cautela, os músculos do braço contraídos como se estivesse pronto para lutar com o que aparecesse. Eu fiquei atrás, tentando me convencer de que ainda tinha ar nos pulmões, porque o medo estava me apertando por dentro.— Fica perto de mim. — ele disse baixo, mas firme, o tom que não aceitava objeção.Obedeci, quase colando no corpo dele. E talvez fosse justamente isso que me confundia: como eu podia sentir medo e desejo ao mesmo tempo? O perigo lá fora e o perigo dele aqui dentro, tudo me deixando em transe.Descemos o corredor escuro em silêncio, só o ranger leve da madeira denunciando nossos passos. O barulho tinha sido diferente dessa vez, como se alguém tivesse derrubado algo pesado no andar de baixo.Lex segurava minha mão, e eu sabia que ele não precisava fazer isso. Mas não reclamava. Aquela palma quente envolvendo a minha era meu único alívio no meio da tensão.— Se for alguém... — tentei sussurrar.— Não fala. — ele cortou, seco, mas sem me

Ana Eu estava assustada, imaginando Mark no jardim…De alguma forma ele tinha me encontrado, me seguido até essa casa remota nas montanhas pra me levar de volta pra minha antiga vida, eu sentia como se meu passado estivesse me perseguindo. As memórias embaralhadas me deixavam ainda mais atordoada. Me lembre de como ele me acolheu na casa dele, como viramos namorados apaixonados e…e como ele virou um homem frio e triste, que me ignorava e me deixava reprimida e frustrada, eu me sentia uma derrotada sem valor, afinal como um homem que me amava tanto não queria sequer tocar em mim. A cena repulsiva no restaurante voltou a minha mente, o gosto da traição deixou um gosto amargo na minha boca. Agora eu não sentia só medo, eu sentia raiva, se Mark estivesse lá fora, se ele veio até aqui pra tentar ficar comigo de novo ele iria se arrepender.Do jardim, vozes ecoavam mais alto como se a noite inteira tivesse prendido a respiração junto comigo. Os seguranças gritavam ordens, passos apressado

AnaAcordei com um silêncio diferente. Nada de barulhos estranhos, nada de vozes apressadas pelos corredores. Só o som distante de pássaros e o vento batendo nas cortinas, mexendo levemente no tecido como se fosse uma cena preparada de propósito pra me fazer sentir em outro mundo.Levantei devagar, ainda me acostumando com a ideia de estar naquela casa de campo, longe do caos da cidade, longe das mensagens insistentes de Mark e... perto demais de Lex.Depois de tomar um café rápido, decidi dar uma volta pela propriedade. Era imensa, do tipo que parecia não ter fim. Quanto mais eu caminhava, mais eu descobria: jardins bem cuidados, árvores frondosas, esculturas discretas, bancos de madeira estrategicamente posicionados como se alguém tivesse desenhado o cenário para encontros secretos.Foi quando encontrei o lago.Ele ficava um pouco afastado, escondido entre árvores altas e flores silvestres. A água refletia o céu como um espelho, e eu fiquei ali parada, respirando fundo, sentindo um

Ana Fiquei encarando a roupa que estava sobre a cama como se fosse uma armadilha. Bota de couro, calça justa, camisa branca leve e até um chapéu que eu não teria coragem de usar. Suspirei. Era óbvio que isso tinha dedo de Lex. O homem parecia ter um radar infalível pra adivinhar meus tamanhos e planejar cada detalhe da minha vida. Enquanto me trocava, não consegui evitar que as lembranças viessem. A última vez que tinha usado uma roupa parecida tinha sido com Mark, na fazenda dele. A gente cavalgava juntos, e eu acreditava que aquilo era amor, que era pra sempre. Que idiota eu fui. Sacudi a cabeça e me encarei no espelho. “Chega, Ana. Isso ficou pra trás.” murmurei pra mim mesma. Lex era

AnaA noite já tinha engolido o céu quando eu desci para a varanda. O jantar tinha sido uma mistura de provocações, risadas e aqueles olhares do Lex que me deixavam sem ar. Mas agora, enquanto os funcionários recolhiam as últimas louças, ele surgiu do nada com uma garrafa de vinho na mão e um sorriso malandro.— Não acha que a noite ainda tá muito nova pra ir dormir? — perguntou, balançando a garrafa na minha frente.— Você tá tentando me embebedar, é isso? — cruzei os braços, fingindo indignação.— Talvez. — Ele riu, já enchendo duas taças sem esperar minha resposta. — Mas só porque você fica mais sincera depois de um gole.Revirei os olhos, mas aceitei. E foi assim que, alguns minutos depois, estávamos sentados lado a lado no sofá da varanda, rindo de absolutamente tudo. Eu já sentia minhas bochechas esquentarem — não sei se pelo vinho ou pelo olhar dele, que parecia cada vez mais difícil de sustentar.— Você sempre foi assim? — perguntei, meio sem filtro. — Todo cheio de charme, pa