Helena Narrando   Assim que saí da faculdade, pedi pro Theo passar direto no hospital. Não demorou muito, já estávamos parando em frente, desci do carro e entrei direto. O corredor branco e frio do hospital me fez lembrar, de repente, o quanto minha vida parecia dividida em duas metades. De um lado, a faculdade, o campus cheio de vozes jovens, risadas, debates. Do outro, aquele silêncio pesado, que só os hospitais conseguem ter.  Passei pelo balcão, dei meu nome, e logo estava diante da porta que me separava dela.  Vesti a roupa descartável, a touca, a máscara. Me olhei rapidamente no vidro da porta: Suspirei, respirei fundo, e entrei.  A cama dela estava do mesmo jeito. Os fios, os monitores, o soro. Tudo imóvel, exceto pelo peito que subia e descia devagar, quase imperceptível.  Sentei na poltrona ao lado. Segurei a mão dela com delicadeza.  — Oi, mãe… — murmurei, sentindo a garganta apertar. — Hoje foi meu primeiro dia na faculdade.  Parei, fechei os olhos, e deixei que a le
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