Helena narrando — Continuação
Às 16h02, abro o notebook e me conecto na videochamada com o Guilherme. Ele aparece na tela, o sorriso fácil de sempre.
— E aí, parceira de trabalho — ele fala, apoiando o queixo na mão. — Pronta pra encarar a ética empresarial ?
Solto uma risadinha leve.
— Tô tentando, Guilherme.
A conversa flui com naturalidade. Ele revisa os parágrafos, me pede opinião, e assim seguimos.
Por uma hora, o mundo lá fora desaparece. Eu sou só uma estudante discutindo conceitos e escrevendo ideias. Sem contrato, sem sobrenome emprestado, sem olhares frios. Quando encerramos, ele diz:
— O texto tá ótimo, Helena. Cê manda bem demais.
Sorrio.
— Obrigada. Você também. Agora vou precisar desligar, até segunda-feira.
— Até.
Ele me dá um tchau com a mão e encerra a chamada.
Fecho o notebook e sinto aquele silêncio me envolver de novo. Solto o cabelo, e subo pro quarto, deixando os materiais organizados.
Entro no banheiro e escovo os dentes, observando