Gabriel Narrando
Trinta anos.
Às vezes eu penso que vivi mais do que devia nesses trinta. Trabalhar ao lado de um homem como Lorenzo Vasconcellos faz qualquer um amadurecer na marra. A gente se conheceu na faculdade — Administração e Engenharia de Produção, dois cursos diferentes, mas o mesmo foco. Eu me lembro bem do primeiro dia em que cruzamos o olhar numa sala lotada, ele com aquele ar arrogante, postura impecável, falando pouco, observando tudo. Eu, mais sociável, mais ousado, acabei sendo o único que conseguia quebrar aquele muro que ele erguia em volta de si.
Com o tempo, viramos amigos. Daqueles que não precisam falar muito pra se entender.
Hoje eu sou o braço direito dele na V-Tech Global.
Assino contratos, coordeno equipes, participo de reuniões com investidores e às vezes, apago incêndios que ele nem fica sabendo. A verdade é que Lorenzo é um gênio, mas gênio também erra — e é aí que eu entro.
A empresa está num auge absurdo. Drones inteligentes, sistemas de segurança