ALEXANDER HAMPTONA pré-inauguração foi um sucesso, apesar da minha distração. Ben e os outros funcionários estavam andando na ponta dos pés ao meu redor, aterrorizados pela minha explosão de "DE VOLTA AO TRABALHO!" depois que Lizzy saiu. Eles achavam que eu estava estressado com o café, mas não tinham ideia.Eu estava estressado porque estava me preparando mentalmente para um jantar.Escolhi o The Slanted Door, no Ferry Building. Era público, barulhento e tinha janelas do chão ao teto com vista para a baía. Cheguei quinze minutos adiantado. Garanti uma mesa no centro da sala, não um canto escuro e íntimo. Revisei minha estratégia:1. Manter a conversa superficial.2. Não revelar nada pessoal.3. Rejeitar todas as provocações.4. Reiterar que ela deve ir embora.Eu pedi uma água com gás e observei a porta. Eu esperava a entrada de Lizzy. Ela chegaria atrasada, é claro. Usaria algo escandaloso tipo vermelho-sangue ou talvez couro e faria todas as cabeças virarem. Às oito em ponto, el

ALEXANDER HAMPTONPassou-se uma semana.Sete dias. Cento e sessenta e oito horas. O Fox&Maple estava oficialmente aberto. O soft opening foi um sucesso estrondoso; a inauguração oficial, coberta por todos os blogueiros de gastronomia de São Francisco, foi ainda melhor. Estávamos com lucro desde o primeiro dia. As planilhas, cantavam uma canção de vitória. Eu deveria estar extasiado. Mas não estava.— Sr. Hampton? — Ben, meu gerente, perguntou, parecendo um rato prestes a testar uma ratoeira. — A nova remessa de leite de aveia chegou. O senhor... o senhor quer inspecionar o lote?— É leite, Ben. — retruquei, sem tirar os olhos do monitor do meu escritório. — Se estiver branco e frio, coloque na geladeira.Ben recuou como se eu tivesse atirado algo nele.Eu estava irritadiço. Obcecado. E não conseguia tirar Lizzy da minha cabeça.A verdade feia e irritante era que eu me sentia... jogado fora. Descartado. Ela veio como um furacão, exigindo minha atenção, declarando-se "apaixonada", e en

ALEXANDER HAMPTONA luz do sol não batia, ela esfaqueava.Meu crânio parecia conter um baterista de heavy metal praticando um solo. Gemi, virando o rosto contra o travesseiro, e o cheiro de uísque velho e autodepreciação subiu.7:02 da manhã.A batida na minha porta da frente soou novamente, então concluí que a primeira não foi minha imaginação.Puxei a calça de moletom que estava no chão, esfregando o rosto, tentando parecer humano. Eu tropecei pelo corredor, com meu cérebro gritando, destranquei e abri a porta.Ela estava lá. Elizabeth Winter. Em carne e osso.Estava usando leggings pretas justas que pareciam feitas de seda líquida, um suéter de caxemira cor de aveia e seu cabelo estava preso em um coque bagunçado que, de alguma forma, parecia perfeitamente estilizado. Atrás dela, no corredor, estava sua pequena mala Rimowa.Ela parecia fresca, descansada e cheirava a algo caro e cítrico.Eu, em contraste, estava descalço, sem camisa, com cabelo de quem dormiu em um arbusto e um hál

ALEXANDER HAMPTONEsse é um daqueles dias que vai demorar a acabar.Minha ressaca latejava. Meu café estava lotado e barulhento. E minha ex-barista favorita estava prestes a ser demitida.— Sr... Sr. Hampton... eu... eu não vi o senhor...— Obviamente. Maya. Meu escritório. Agora. — Ela não se moveu. Parecia paralisada. — Agora, Maya!Ela estremeceu, largou o pano de limpeza no balcão e, com as costas rígidas, marchou em direção ao corredor.Eu me virei para a fonte de toda essa energia ao meu redor. Lizzy ainda estava sorrindo para mim.— Elizabeth. Me dê um minuto.Ela descruzou os braços e apoiou os cotovelos no balcão, inclinando-se para frente como se estivéssemos em um bar de coquetéis. — Claro. — ela murmurou, a voz baixa e divertida. — Eu espero. Vim te chamar para comer, então vou pensar no que quero para o almoço.Dei as costas para ela e segui Maya até o cubículo que eu chamava de escritório. Entrei e fechei a porta. Maya estava parada no meio da sala minúscula, torcendo

ALEXANDER HAMPTONO almoço no Spruce estava se tornando a hora mais longa e torturante da minha vida.O beijo no carro tinha quebrado alguma coisa em mim. Tinha curto-circuitado meu sistema operacional. Agora, eu estava dolorosamente consciente de tudo.O jeito que o lábio inferior dela ainda estava ligeiramente inchado. A maneira como ela me observava por cima da taça de vinho, com aqueles olhos satisfeitos e sorriso convencido.Lizzy, é claro, estava em seu habitat. Ela pediu um vinho Chablis que custava mais que meu primeiro carro, e fez parecer que estava pedindo água da casa. Ela riu, contou histórias sobre Milão e fez o garçom corar. Eu mal conseguia formar uma frase.— Você está muito quieto, Alex. — ela murmurou, depois que o garçom saiu.— Estou pensando. — menti.— Não pense. — ela aconselhou, tomando um gole. — Você pensa demais. É por isso que você tem rugas aqui. — ela apontou para a própria testa.Eu não tinha rugas na testa. Eu acho.O pior foi depois. Eu insisti que pr