Narrado por MaiteEnquanto observo as pessoas indo e vindo no aeroporto, uma sensação de desorientação toma conta de mim. Sinto-me completamente perdida, como se estivesse flutuando, sem saber para onde ir ou o que fazer a seguir. Tudo ao meu redor parece borrado, como se a realidade tivesse se distorcido, e eu não fosse mais parte dela. Sinto-me como um barco à deriva em um mar revolto, sem um porto seguro para ancorar. O peso da perda e da incerteza se mistura com uma angústia indescritível, como se o mundo tivesse virado de cabeça para baixo.Por que sinto tanto pesar dentro de mim, sendo que ele me fez tanto mal? Por que estou triste com a morte de Cobra, quando essa foi a escolha que eu mesma fiz, e um desejo que carregava há tanto tempo? O conflito é cruel, e a dor não diminui, ela apenas se transforma, tornando-se uma sombra que me persegue.A culpa, essa velha amiga, ainda aperta meu peito com suas garras afiadas. Mas junto dela, uma sensação de alívio vai se infiltrando, com

Narrado por MaiteEnquanto a discussão se desenrolava na sala, uma onda de decisão me invadiu. Saí porta afora, respirando o ar fresco da noite japonesa. Meus pulmões se encheram com a brisa suave, e uma certeza brotou em meu peito: eu não fugiria mais. Não importava o que viesse, eu enfrentaria.Foi nesse instante que Lúcifer surgiu, sua figura imponente recortada contra a penumbra. Seus olhos escuros pousaram em mim, carregados de uma intensidade que sempre me desarmava. Ele me observou por um longo momento, um misto de preocupação e algo mais indecifrável em seu olhar, antes de finalmente quebrar o silêncio.— Talvez seja melhor você ir encontrar com a Bruna e passar um tempo na Itália. — Sua voz, habitualmente rouca e dominadora, soava agora hesitante, quase um sussurro.Uma ponta de irritação me picou.— O que foi, Lúcifer? Está gostando de viver sozinho? É isso? — A pergunta escapou antes que eu pudesse medir minhas palavras. A ideia de que ele pudesse querer se livrar de mim,

Narrado por BrunaAcordo sobressaltada, com o som da aeromoça anunciando nossa chegada à Sicília pelo alto-falante da aeronave, meu coração ainda acelerado pela tensão da viagem. A incerteza de tudo o que me trouxe até aqui me envolve como um nevoeiro denso, dificultando até mesmo minha respiração. Desembarco e percebo, com um sobressalto, que não tenho bagagem alguma comigo. Um vazio quase simbólico, como se a própria vida tivesse me deixado sem nada, sem rumo.Decido então seguir diretamente para a alfândega, um passo mecânico que me afasta da confusão de emoções que sinto. Ao chegar, a agente da alfândega me recebe com um olhar curioso, a voz implacável com seu forte sotaque italiano.— What did you come to do in Italy? (O que veio fazer na Itália?)A pergunta me atinge como um soco no estômago. O que eu vim fazer aqui? Nem eu sei. É tudo tão surreal, tão fora de controle. Sempre sonhei em escapar do morro, explorar o mundo, mas não dessa forma. Não com tanta dúvida, tanto medo, ta

Narrado por Maitê A atmosfera no carro é carregada de uma mistura de expectativa e ansiedade enquanto nos dirigimos para o aeroporto clandestino. A cada quilômetro que passamos, mais perto estamos de alcançar a Sicília, de pegar o jatinho que nos levará para resgatar a Bruna. Eu me acomodo na cadeira ao lado da janela, o mundo lá fora se desfocando enquanto o silêncio dentro do carro pesa sobre mim. Gabriel se senta ao meu lado, sua mão firme na minha, uma presença reconfortante, mas silenciosa.Seus olhos, geralmente tão expressivos, agora transmitem uma mensagem não dita. Ele parece querer me dizer algo, mas escolhe manter a palavra guardada, deixando apenas o olhar falar. Sinto uma tensão no ar, como se houvesse algo no coração de Gabriel que ele ainda não quer compartilhar comigo. O tempo, no entanto, parece desacelerar dentro daquele carro. As horas se arrastam como se estivéssemos presos em um loop, uma eternidade antes de alcançarmos nosso destino.Desde o episódio na cozinha,

Capítulo 120 - Narrado por BrunaEu não podia deixar de sorrir ao saber que Maitê e Lúcifer finalmente estavam juntos. Por mais que eu tenha alertado minha amiga a não cair no charme de um “bom moço”, vendo-os agora, percebo o quanto ele cumpriu a promessa que fez para ela. E, sinceramente, espero que Lúcifer não a decepcione. Afinal, de todos nós, Maitê é quem mais merece ser feliz e finalmente encontrar a paz que tanto procurou.Olho para Fumaça, que me encara com aquele sorriso tranquilo, quase enigmático, e um arrepio percorre minha espinha.— Vamos para o nosso quarto. — Sua voz rouca e calma me atinge como uma onda, me fazendo perder o fio da meada por um momento.— Vamos sim. — Respondo com um sorriso no rosto, o calor subindo nas minhas bochechas.Sempre gostei de conversar com ele, de verdade. Ao contrário dos outros caras que já conheci, Fumaça tem cabeça, tem visão de mundo. Ele não é só mais um moleque perdido por aí. Ele tem aquela segurança que falta em tantos, algo que