Narrado por Fumaça Ela se aproxima de mim com uma rapidez que me deixa sem reação, e em um movimento instintivo, nossos corpos se encontram. Ela se encaixa nos meus braços, e a tensão que antes pairava no ar parece dissipar, substituída por algo mais intenso, mais vulnerável. É como se ela estivesse buscando algo além de palavras, como se o peso de tudo o que passou, e o que ainda enfrenta, tivesse ficado por um momento suspenso, sem espaço para mais angústia. Não sei se é o conforto que ela procura, ou se é apenas a necessidade de sentir que alguém a entende, que alguém a vê além da dor e da confusão.Fico em silêncio por um momento, apenas sentindo o calor do seu corpo contra o meu. Eu sabia que algo estava acontecendo com ela, mas jamais imaginei que seria assim. Ela estava buscando algo, talvez consolo ou uma válvula de escape para a turbulência interna que a consumia. Não sei ao certo, mas, de algum jeito, posso sentir a necessidade dela de se entregar, de se permitir ser tocada

Narrado por MaiteAbro os olhos lentamente, encontrando-me na cama, e ao olhar ao redor, percebo que estou no quarto do Gabriel. Um sorriso brota em meus lábios ao vê-lo entrar no quarto com uma bandeja de café da manhã.— Bom dia, príncipe. Que horas chegamos? Estamos comemorando algo? — Pergunto, curiosa.— Bom dia, meu amor. Chegamos na madrugada e preferi não te acordar. Estamos comemorando sim, estamos comemorando o fato de que você é minha e está deitada na minha cama, de onde nunca mais sairá — ele responde com um brilho nos olhos.Seu tom carregado de carinho aqueceu meu coração. Observo-o com admiração enquanto ele coloca a bandeja sobre a cama, revelando uma seleção de alimentos deliciosos.— Eu amo esses momentos tranquilos contigo, nem parece que vivemos em uma montanha russa. — Murmuro, pegando uma torrada e espalhando um pouco de geleia sobre ela.Ele sorri, um sorriso que parece iluminar todo o quarto.— Eu também, Maitê. É como se o tempo parasse quando estamos juntos,

Narrado por MaitêOuvindo as palavras de Bruna, sinto um misto de admiração e tristeza pela jornada difícil que ela tem enfrentado. Ao mesmo tempo, não posso deixar de me sentir tocada por sua força e pela maneira como ela tem enfrentado tudo isso com coragem e determinação. Cada palavra dela me faz refletir sobre o que vivemos, o que perdemos e, acima de tudo, sobre a dor que continua a nos assombrar.— É difícil pensar sobre isso… é uma situação que eu jamais pensei em viver, mas meu pai escolheu o caminho da vingança contra pessoas que só sofreram nas mãos do meu irmão, eu e principalmente você — Bruna desabafa, e suas palavras pesam no meu coração. Eu sei o quanto o peso do passado ainda a afeta. Cada lembrança, cada dor que ela viveu, faz com que eu me sinta ainda mais culpada por tudo que aconteceu.Seus relatos sobre as injustiças que ela testemunhou e experimentou me deixam sem palavras. Como é possível que uma pessoa tenha que carregar tanto sofrimento? Como é possível que o

Narrado por Morte Uma semana havia se passado desde que o Cobra partiu para o México, deixando um rastro de incerteza e preocupação para trás. Sua ausência era um peso sobre meus ombros, uma sombra de dúvida pairando sobre o morro. Será que ele nos abandonou à própria sorte? Será que fugiu para escapar das consequências de seus atos? As palavras finais do meu filho ecoavam em minha mente — “Você acha mesmo que ele mataria sua filha por nós?”. Uma advertência sobre a verdadeira natureza do Cobra, que talvez nem mesmo eu conhecesse.Mas não havia tempo para questionamentos. A noite envolveu o morro em um manto de escuridão, e o silêncio foi quebrado pelo estampido dos foguetes rasgando o céu. Estávamos desamparados, contando apenas com o armamento escasso que restava. O que tínhamos precisava ser suficiente, minha mente gritava para mim mesmo.Sai de casa, determinado, distribuindo armas para os poucos soldados que permaneciam ao meu lado. As vozes da incerteza ecoavam entre eles, o me

Narrado por Maitê Depois que Gabriel saiu de casa para participar da invasão, uma sensação de vazio tomou conta de mim. Não conseguia mais encontrar paz para dormir, e um pressentimento ruim me acompanhava a cada momento. A cada movimento na casa, a ansiedade me sufocava, e uma incerteza aterradora me deixava paralisada. Não acordei Bruna. Ela estava exausta e, talvez, o medo dela fosse ainda maior que o meu. O que aconteceria se algo acontecesse com ele? O que aconteceria com nós todos?Por volta das 7:00 da manhã, o sono pesado me abandonou, e me levantei com dificuldade. Um enjoo repentino tomou conta do meu corpo e uma tontura avassaladora quase me derrubou. Fui até o banheiro, tentando me acalmar, mas cada respiração parecia mais difícil que a anterior. Eu me sentia fraca, mas naquele instante, pensei que fosse apenas o nervosismo ou o medo latente de perder Gabriel, como havia perdido meu irmão no passado.Quando voltei ao quarto, a tontura piorou. A escuridão me engoliu sem av